O Ibovespa, principal índice da B3, avançava 1,11% na manhã desta segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, aos 159.108,33 pontos, em São Paulo. O ganho parcial das perdas de sexta-feira, quando o índice caiu 4,31% para 157.369,36 pontos, reflete o ajuste após o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência em 2026. A recuperação ganhou força com declarações do senador Flávio Bolsonaro, em entrevista ao Domingo Espetacular, da TV Record, no Rio de Janeiro, no domingo, 7 de dezembro. Ele condicionou a desistência da disputa à aprovação de anistia para o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, preso em Brasília pela Superintendência da Polícia Federal.
No câmbio, o dólar comercial recuava 0,13%, cotado a R$ 5,42 por volta das 10h20, revertendo parte da alta de 2,34% da sexta-feira, que o levou a R$ 5,43. O movimento indica redução na percepção de risco político, com investidores vendo a candidatura como tática para negociações no Congresso. A queda de sexta-feira evaporou R$ 183 bilhões em valor de mercado na B3, com o índice saindo de máxima intradiária de 165.023 pontos para o menor ganho anual de 30,83% até então. Analistas atribuem o tombo à divisão na direita, favorecendo nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos) em pesquisas.
Plataformas de apostas captaram as oscilações após o sinal de Flávio. A Polymarket registrou queda na chance de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 52% para 48%, na atualização matinal. Probabilidades para Tarcísio de Freitas caíram de 36% para 20% na sexta, mas subiram para 26% com o recuo condicional. Flávio, que atingiu 14% de odds durante o anúncio, agora tem cerca de 10%, interpretado como barganha para anistia aos atos de 8 de janeiro de 2023. Essas mudanças reforçam a sensibilidade do mercado a cenários de segundo turno, com rejeição ao sobrenome Bolsonaro em 55% segundo AtlasIntel.
O pregão de 5 de dezembro, em São Paulo, marcou volatilidade recorde no ano. O Ibovespa abriu acima de 164 mil pontos, impulsionado por dados de inflação americanos, mas inverteu às 12h46 com a notícia do Metrópoles sobre a indicação de Flávio por Jair Bolsonaro. Setores financeiros lideraram perdas, com Itaú e Bradesco caindo mais de 5%, e volume negociado atingindo R$ 32,96 bilhões em saídas de risco. A mínima intradiária foi de 157.006 pontos, queda de 4,53%, maior desde fevereiro de 2021, quando o índice recuou 4,87% por interferência na Petrobras. Pesquisa AtlasIntel projeta Flávio com 23,1% contra 47,3% de Lula, atrás de Michelle Bolsonaro em 28,6%, elevando o CDS de cinco anos em 15 pontos-base para 180. O revés interrompeu quatro recordes consecutivos, com acumulado semanal de -1,07%. Essa reação elevou juros futuros em 50 pontos-base, sinalizando prêmios de risco mais altos.
Flávio Bolsonaro descreveu a pré-candidatura como resposta à prisão do pai, em entrevista à TV Record. Ele exigiu anistia e elegibilidade para Jair, rejeitando renúncia em favor de Tarcísio ou outras chapas. O senador agenda reuniões com líderes do PL, Republicanos e União Brasil nesta segunda, focando em pautas no Congresso. “Preço para desistir é Bolsonaro livre nas urnas”, afirmou, ampliando pressão sobre o Centrão para aprovação em 2025. Flávio negou cobrança a Tarcísio, mas aliados veem a tática como unificadora de bolsonaristas radicais. O posicionamento surge em meio a críticas internas, com o PL confirmando a indicação via Valdemar Costa Neto. Essa abordagem reflete tensões desde a inelegibilidade de Jair pelo TSE em 2023.
A semana traz decisões de bancos centrais que influenciam o Ibovespa. O Copom divulga na quarta-feira, 10 de dezembro, o comunicado da reunião de dezembro, com pistas para corte da Selic em janeiro de 2026. A taxa está em 11,75%, com expectativas de manutenção e reduções de 0,50 ponto percentual no ano que vem. Nos EUA, o Fed anuncia na quarta-feira corte de 0,25 ponto para 4,25%-4,50%, com foco em unanimidade e projeções de inflação. Esses anúncios coincidem com o rescaldo eleitoral, podendo ampliar oscilações no câmbio e bolsa. O IPCA de novembro, previsto para sexta, pode vir em 0,45%, apoiando afrouxamento monetário. Dados da balança comercial chinesa de novembro mostram sinais mistos de demanda global.
A direita reorganiza forças para 2026, usando a candidatura de Flávio como pivô. O PL pressiona por alianças amplas, admitindo negociações com o Centrão para pautas fiscais em troca de anistia. Tarcísio mantém foco em agendas paulistas, com pesquisas internas do Republicanos dando-lhe 36% na direita contra 23% de Flávio. A indicação visa manter bolsonarismo no centro, mas arrisca fragmentar o centro-direito. Apoio à anistia inclui liberação de condenados por 8 de janeiro, com 30% de eleitorado fiel. Sem acordo, a oposição pode priorizar chapas regionais em estados chave como São Paulo e Minas Gerais. Essas dinâmicas alteram projeções, com o PL mirando o Nordeste para base ampla. O movimento ecoa divisões históricas, desde a eleição de 2022.
A correção de sexta abre janelas de compra, segundo a Gavekal. O relatório de Louis-Vincent Gave classifica a reação como exagerada, com chances baixas de vitória de Flávio dividindo a direita. Setores de consumo e tecnologia sobem 1,2% nesta segunda, menos expostos a riscos políticos. A Meraki Capital prevê estabilização em 160 mil pontos se o Copom otimizar fiscalmente. O dólar em R$ 5,42 beneficia exportadores de commodities, mas pressiona importadores. No acumulado de dezembro, o índice perde 0,5%, revertendo ganhos iniciais. Esses fatores sugerem monitoramento de urnas e balanços para o próximo ano.
O ambiente eleitoral para 2026 polariza com as ações de Flávio. Rejeição de 55% ao clã limita apelo, favorecendo governadores como Tarcísio e Romeu Zema (Novo-MG). O PL planeja alianças com União Brasil para o Nordeste, região vital para a direita. Flávio inicia viagens a Rio de Janeiro e Santa Catarina em janeiro para consolidar bases. Esses esforços demandam concessões legislativas antes do recesso. O evento lembra quedas de 4% em 2021 por ruídos similares, impactando ativos.
