Uma idosa que escolheu uma nova data de nascimento e sobrenome ao tirar o primeiro documento precisou passar por um exame de arcada dentária para estimar sua idade após viver cerca de 70 anos sem registros formais. Maria da Imaculada Conceição, que era conhecida apenas como Conceição, foi criada como doméstica e nunca teve acesso a documentos oficiais. Com auxílio da Defensoria Pública do Ceará, ela finalmente conseguiu obter seus primeiros registros em 2025, incluindo sua certidão de nascimento e o tão aguardado RG.

O exame de arcada dentária, juntamente com a coleta de impressões digitais realizada em parceria com a Perícia Forense do Ceará, foi fundamental para corroborar a idade estimada de Conceição, aproximando-se do ano de 1957 como provável data de nascimento. Após anos vivendo à margem da sociedade sem documentos, ela finalmente obteve o reconhecimento oficial de sua existência e identidade.

Ao investigar registros em cartórios e utilizar métodos forenses, a Defensoria Pública conseguiu comprovar a inexistência oficial de Conceição no Brasil, o que a privou de diversos direitos ao longo de sua vida. Mesmo assim, após a ação judicial bem-sucedida, ela recebeu sua certidão de nascimento em agosto, seguida pela emissão do RG em outubro.

A vida de Conceição foi marcada por inúmeras privações e dificuldades decorrentes da falta de documentos oficiais. Analfabeta e criada como empregada doméstica desde jovem, ela enfrentou desafios enormes para ter acesso aos serviços públicos sem um registro de identidade. A solidariedade de uma amiga e a atuação da Defensoria foram essenciais para proporcionar um desfecho digno e legal para essa história de vida.

Com sua nova certidão de nascimento, Conceição finalmente tem um nome completo e uma data de nascimento escolhida por ela mesma: 8 de dezembro. Ela planeja agora buscar atendimentos médicos, receber vacinas e desfrutar dos benefícios sociais a que tem direito como cidadã. Apesar das dificuldades enfrentadas ao longo dos anos, ela se mostra determinada a seguir em frente e aproveitar as oportunidades que agora possui.

O apoio contínuo da Defensoria Pública inclui a inscrição de Conceição no Cadastro Único, possibilitando o acesso a benefícios sociais e programas governamentais destinados a pessoas de baixa renda. Após décadas de invisibilidade e negação de direitos básicos, Conceição finalmente se torna uma detentora de direitos e passa a enxergar um futuro mais promissor e digno. Sua história é um exemplo de resiliência e superação diante das adversidades da vida.