Idosas reencontram confiança com o teatro e vencem mostra em Cesário Lange: ‘Viver sem medo’

Grupo é composto por mulheres acima dos 60 anos, que vivem em Itapetininga (SP). Para as idosas, cada apresentação é um motivo para nunca mais querer sair dos palcos.

O tempo passa e a rotina vai ficando mais tranquila e é aí que surgem oportunidades para utilizar o tempo em distrações mais agradáveis ou até mesmo em hobbies totalmente novos, exercitando a mente e encontrando felicidade em outros âmbitos da vida.

Pensando nisso, um grupo de idosas que vive em Itapetininga (SP) decidiu participar de um grupo de teatro. Aos 72 anos, Izabel Theodoro mergulhou de cabeça na nova oportunidade e, hoje, não se vê mais fora dos palcos.

“Quando eu subo nos palcos, parece que eu me transformo, tudo se transforma e eu viro outra pessoa. Tudo aquilo que aconteceu comigo lá atrás passa e eu começo uma nova vida, uma nova história”, celebra.
Izabel tem 72 anos e nunca havia feito teatro — Foto: Reprodução/TV TEM

Para Irene Meira, professora aposentada, atuar é como reviver os tempos antigos. Durante a época de sala de aula, ela costumava utilizar a arte para ensinar conteúdos aos alunos.
“Toda atividade que eu fazia com os alunos, eu usava um pouco da arte, um pouco do teatro, sempre no intuito de passar o conteúdo para eles e trabalhar em cima disso. Inclusive, sinto muita felicidade ao ver que alguns alunos entraram para o teatro por indicação minha”, conta.

Ana Maria Caricatti vê a arte e o teatro como uma forma de ganhar autoconfiança novamente. Para ela, o palco representa uma oportunidade de viver novas histórias.
“A arte vai muito além da interpretação. Ela é expressão corporal, comunicação, novas amizades, é a mente. Temos que estudar o personagem, entender o texto, mas não deixa de ser um produto terapêutico para cada uma de nós. É algo que só o teatro pode proporcionar”, diz.

As mulheres são a prova viva de que nunca é tarde para começar algo novo, já que se descobriram atrizes na terceira idade. De acordo com a geriatra Jéssica Smaha, as atividades ajudam os idosos em um geral a manterem o corpo e a mente em movimento.

“O teatro é excelente para a cognição. Querendo ou não, é necessário ler, interpretar, contracenar com o parceiro. Auxilia bastante no dia a dia e na autonomia, já que o idoso está indo e voltando para casa todos os dias. Dá para fazer amigos e, também, movimenta a força e o equilíbrio, porque ele tem que se posicionar, fazer um movimento diferente e dançar. Isso proporciona saúde ao corpo”, descreve.
Teatro pode ajudar no dia a dia dos idosos — Foto: Reprodução/TV TEM

“No teatro, os idosos vivem tudo intensamente. A experiência deles enriquece a narrativa e isso é muita história para contar. Muita carga emocional acaba desembocando no trabalho e, nessa idade, a tendência é fazer tudo com a fé”, complementa.

A fé e paixão é tanta que o grupo ganhou um prêmio ao participar da 3ª Mostra de Teatro de Cesário Lange (SP). Izabel, que entrou há pouco tempo, foi a vencedora na categoria Teatro Amador por uma peça chamada “85 Primaveras”.

“Aos 72 anos, eu nunca havia feito nada, nem teatro, nem assistido à uma peça. Foram grupos de sete cidades diferentes, então, ter ganhado o prêmio é algo que eu nunca vou esquecer”, compartilha.

Na visão de Irene, Izabel e Ana Maria, atuar é muito mais do que simplesmente estar nos palcos. É viver sem medo e não parar no tempo.

“Antes de entrar no palco, nós ficamos nervosas. Mas, depois disso, parece que tudo some. O nervosismo fica na porta. É uma transformação que só a arte consegue fazer na gente”, finalizam.
Izabel ganhou prêmio em mostra de teatro de Cesário Lange (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM

Veja mais notícias no G1 Itapetininga e Região.