Um homem de 60 anos está lutando pela vida brigando na Justiça pelo tratamento contra um câncer no globo ocular. Desde março deste ano, o plano de saúde HapVida se recusa a custear a imunoterapia indicada pelo médico. A recomendação são aplicações a cada 21 dias de um medicamento chamado cemiplimabe que custa R$ 56 mil.
“Eles me mandaram preencher um formulário para pedir o remédio pelo Ministério Público [MPGO] para a rede pública bancar. Entrei na Justiça, o juiz concedeu uma liminar que determinava a concessão do tratamento pela Hapvida sob pena de multa de R$ 1 mil por dia, mas ainda assim não cumpriram. Meu advogado pediu majoração de R$ 10 mil por dia e foi concedido só que até agora nenhuma resposta do plano”, lamenta Carlos Gross.
A família chegou a procurar o procurou o MPGO em busca de ajuda, porém foi informada que não seria possível ingressarem com uma ação porque o usuário da HapVida já havia acionado o Poder Judiciário. O idoso mora em Caldas Novas, onde trabalhava como avaliador veicular.
A doença o obrigou a interromper as atividades e comprometeu a renda familiar. Ele reclama de dores e comprometimento progressivo da visão. Mesmo sem a prestação do serviço, ele continua recebendo os boletos para pagamento com valor reajustado para R$ 555 mensais. Carlos era usuário do plano América e migrou compulsoriamente para o Hapvida após a empresa comprar o grupo goiano América há três anos por R$ 426 milhões. Cerca de 400 mil pessoas integravam a carteira de clientes no Centro-Oeste brasileiro.
“Tive que buscar um especialista à parte na rede particular. Ele disse que o tratamento com o cemiplimabe é primordial. O médico sugeriu que eu faça uma ressonância magnética porque acredita que o câncer já esteja em metástase porque são oito meses à espera de tratamento.Por enquanto estou enxergando, a doença pode atingir o nervo ótico e me deixar cego”, destaca.
O cemiplimabe é indicado para o tratamento de pessoas que não são candidatas a cirurgia ou radioterapia curativas e aumenta as chances de sobrevida daquelas com metástase. É um tipo de imunoterápico que combate o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente. A ideia é que, com o uso de medicamentos, o organismo do paciente elimine a doença de forma mais eficiente e com menos toxicidade.
O Diário do Estado vem recebendo denúncias de diversos usuários da HapVida que estão tendo problema na prestação do serviço. Na semana passada, uma mulher reclamou de ter de fazer uma ‘vaquinha’ online para pagar tratamento de câncer na capital após descaso do plano. Ela ainda relatou demora no atendimento e dificuldade em agendar exames.
A reportagem entrou em contato com o MPGO e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a pedido de esclarecimentos, mas não obteve retorno até a publicação desta edição.
A reportagem entrou em contato com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a pedido de esclarecimentos, mas não obteve retorno até a publicação desta edição. Segundo o MPGO, não é possível fazer o levantamento de quantas denúncias e/ou ações contra empresa por parte da instituição. “Seria necessário abrir processo por processo, já que os que constam no sistema aqui podem ter naturezas muito diversas. Inclusive, em alguns deles o próprio plano de saúde pode ser o demandante”, informou a assessoria do Ministério Público.