Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, destacou o impacto do temor em relação à taxação de dividendos na alta do dólar em 2024. Segundo ele, empresas agiram antes da implementação do imposto sobre dividendos, projetado para entrar em vigor em 2025, o que contribuiu para a valorização da moeda norte-americana em relação ao real no final do ano passado. Em um evento promovido pela XP em Miami, Campos Neto ressaltou que a queda do dólar neste ano foi parcialmente influenciada pelas consequências desse movimento.
Após registrar um aumento de mais de 20% em 2024, o dólar apresenta uma queda de quase 8% no acumulado do ano. Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs um projeto de lei para tributar todos os dividendos enviados ao exterior, como medida de compensação pela isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Essa iniciativa visa garantir uma melhor distribuição da carga tributária.
Segundo Campos Neto, muitas empresas anteciparam o envio de recursos ao exterior para o pagamento de dividendos, com apoio de alguns bancos que facilitaram essas operações. No entanto, o ex-presidente do Banco Central ressaltou que, após o pagamento dos dividendos, houve uma reversão de recursos em janeiro, devido às questões envolvendo taxas de juros e câmbio. Ele enfatizou a importância de considerar todos os aspectos envolvidos nessas transações financeiras para evitar impactos negativos.
O carry trade, estratégia que envolve empréstimos em uma moeda de baixo rendimento e investimentos em uma moeda de rendimento mais alto, também foi abordado por Campos Neto. Ele destacou a complexidade dessas operações e a necessidade de analisar com cuidado o cenário econômico para reduzir riscos e maximizar os ganhos. A atuação no mercado de câmbio requer conhecimento e prudência, especialmente em momentos de volatilidade e mudanças nas políticas fiscais e tributárias.
Em meio a debates sobre criptomoedas e perspectivas de crescimento econômico global, o mercado financeiro enfrenta desafios e oportunidades. A atuação do governo, investidores e instituições financeiras influencia diretamente a dinâmica das moedas e dos ativos nos mercados internacionais. A busca por equilíbrio e estabilidade requer análises constantes e estratégias bem definidas, considerando os diversos fatores econômicos e políticos que moldam o cenário financeiro atual.