Impasse do anexo ameaça título da Pampulha na Unesco: Unesco alerta para risco de patrimônio em perigo

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Impasse sobre anexo do Diário do Estado se arrasta desde 2016 e ameaça título da Pampulha na Unesco

Unesco alerta que demora pode levar conjunto moderno à lista de patrimônios em perigo.

Em decorrência de um ano após a última decisão judicial relacionada à demolição do anexo do Iate Tênis Clube, na Pampulha, cartão-postal de Belo Horizonte, o impasse sobre a obra segue sem desfecho. A estrutura, construída fora do projeto original de Oscar Niemeyer, compromete a visibilidade de outros prédios tombados ao redor da lagoa, como a Igreja de São Francisco de Assis — a famosa “Igrejinha da Pampulha”. Segundo a Unesco, a demora na resolução do problema pode levar o caso ao Comitê do Patrimônio Mundial e resultar na inclusão do Conjunto Moderno da Pampulha na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo.

Desde 2016, quando a Pampulha recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, a Unesco recomenda a retirada de anexos construídos posteriormente ao projeto original. A proposta atual, contratada pelo clube com consultoria do arquiteto e professor da UFMG Flávio Carsalade, prevê a demolição apenas do segundo andar do anexo, além da criação de uma praça pública e a recuperação de áreas de valor histórico e paisagístico. O projeto também contempla a recuperação dos jardins de Burle Marx e a restauração do salão do edifício principal, onde há obras de Burle Marx e de Portinari.

Além disso, está prevista a construção de estruturas consideradas compatíveis com as exigências patrimoniais, como uma nova piscina com espelho d’água junto à lagoa. Segundo Carsalade, a proposta já havia sido aprovada nos âmbitos municipal, estadual e federal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou a aprovação do estudo preliminar da intervenção e aguarda o envio do anteprojeto pelos responsáveis técnicos. O trâmite burocrático envolveu também o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que aprovou o estudo físico-espacial para requalificação da paisagem do clube.

O presidente do Iate Tênis Clube, José Carlos Paranhos de Araújo, afirmou que busca uma negociação com o município para viabilizar a proposta. A ação judicial movida pelo Ministério Público Federal tramita na Justiça Federal, e a última decisão autorizou a Prefeitura de Belo Horizonte a se tornar parte ativa no processo. A Unesco acompanha o diálogo com as autoridades brasileiras e alertou que a falta de resolução pode resultar na inclusão do conjunto arquitetônico na lista de patrimônios em risco. Prefeitura, Iphan, Iepha-MG e Unesco deram posicionamentos sobre o assunto e destacaram os procedimentos realizados até o momento.

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