Após a morte de um jovem baleado por um policial militar, o ouvidor da polícia está cobrando a implementação de câmeras corporais para a região de Piracicaba. Nos primeiros quatro meses de 2025, o número de mortes durante intervenções da PM já ultrapassou o total de 2024. Expertise no assunto informou que esses equipamentos são essenciais para diminuir a letalidade.
O ouvidor da polícia do Estado, Mauro Caseri, solicitou câmeras corporais para a Polícia Militar (PM) da região de Piracicaba como uma medida para minimizar as mortes de civis e policiais durante conflitos. A necessidade dessa tecnologia foi enfatizada após a morte de Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, atingido na cabeça pela PM durante uma abordagem em Piracicaba, em 1° de abril.
Os agentes responsáveis pela morte do jovem não utilizavam câmeras operacionais portáteis (COP), uma vez que nenhum PM da região de Piracicaba foi equipado com esse dispositivo pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). O uso das câmeras corporais e do taser (arma de choque) são cruciais para proteger tanto a população quanto os policiais, como afirmou Mauro Caseri em entrevista.
No caso de Gabriel, a polícia alegou que ele reagiu à abordagem com uma pedra, no entanto, testemunhas locais informaram que o jovem não estava com pedra alguma. A OAB destacou que a PM agiu com excesso de força. A falta de câmeras corporais impacta diretamente nas investigações e na transparência dos procedimentos policiais.
As câmeras corporais são fundamentais para reduzir os índices de mortes. Um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com a Unicef em 2022 mostrou que o uso das COPs resultou em uma diminuição de 80,1% nas mortes de adolescentes no estado de SP. Além disso, houve uma redução de 76,2% nas mortes de PMs em serviço em batalhões que utilizaram os dispositivos.
A PM de Piracicaba ainda não possui câmeras corporais, o que tem gerado questionamentos sobre a segurança e transparência das operações policiais na região. A SSP informou que o Estado de São Paulo conta com mais de 10 mil câmeras corporais, abrangendo 52% das unidades policiais, porém Piracicaba não está inclusa nesse número.
As estatísticas mostram que nos primeiros quatro meses de 2025, o número de mortes decorrentes de intervenções da PM na região de Piracicaba já ultrapassou o total de 2024. A atuação do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP) ressalta a importância do controle externo da atividade policial para coibir desvios de conduta.
A utilização de armas letais pela PM deve ocorrer somente em casos de risco de vida do agente ou quando o suspeito coloca em perigo outras pessoas no local. O ouvidor da polícia ressaltou a importância de priorizar o uso de armas menos letais, como medidas para reduzir possíveis fatalidades. A implementação de câmeras corporais é uma das maneiras de garantir a segurança de todos os envolvidos em uma intervenção policial na região de Piracicaba.