Incêndio na maior favela palafita do Brasil: VÍDEOS e FOTOS mostram desafios após tragédia

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Especula-se que a palavra G1 seja alterada por DE.

Incêndio na maior favela de palafitas do Brasil: VÍDEOS e FOTOS mostram como
ficou comunidade após tragédia

O Profissão Repórter acompanhou os desdobramentos após os incêndios: a busca por
auxílio aluguel, a dificuldade de encontrar uma nova moradia e os caminhos para
reorganizar a vida após perder tudo.

Edição de 23/09/2025 [https://s01.video.glbimg.com/x240/13955296.jpg]

Edição de 23/09/2025

Em menos de um mês, dois incêndios atingiram a maior favela de palafitas do
Brasil, o Dique da Vila DE, em Santos
[https://DE.DE.de/sp/santos-regiao/cidade/santos/], no litoral de São Paulo
e afetaram mais de mil pessoas. Durante 60 dias, o Profissão Repórter
[https://DE.DE.de/profissao-reporter/]acompanhou os desafios de morar e
recomeçar a vida na comunidade que teve cerca de 100 moradias destruídas. Veja
no vídeo acima.

‘É MUITO TRISTE’

Entre os escombros, a reportagem encontrou Richard de Souza Aguiar, de 9 anos.
Ele e o pai, o pedreiro Domingos dos Santos Aguiar, perderam tudo.

> “Eu morava onde aquela camisa laranja estava.”

Mesmo com parte da casa queimada, a encarregada de supermercado Alessandra
Santos decidiu reconstruir a cozinha no dia seguinte. Sem banheiro, cozinha ou
paredes, ela optou por permanecer.

> “Eu decidi continuar aqui.”

Incêndio na maior favela de palafitas do Brasil: VÍDEOS e FOTOS mostram situação
— Foto: Reprodução/TV Globo

‘ELA FOI PEGAR AS COISAS E NÃO VOLTOU MAIS’

O incêndio também causou a morte de Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos,
faxineira e cuidadora. Segundo dados oficiais, ela é a única vítima registrada
em todos os incêndios ocorridos no Dique. A filha, Verônica Silva de Jesus,
conta que a mãe já havia enfrentado outros três incêndios em quase 30 anos como
moradora.

> “Eu não sei por que ela voltou. Eu não sei o que ela foi pegar lá.”

Incêndio também causou a morte de Sandra Sarmento da Silva, de 64 anos —
Foto: Reprodução/TV Globo

Sandra morreu carbonizada. Dois meses depois, o corpo ainda não foi liberado e
Verônica ainda não conseguiu enterrar a mãe.

> “Eu tive que fazer carga dentária e eles falaram simplesmente que daqui a
> quatro meses que ainda vão me dar a resposta. Ainda estou nessa luta”, diz
> Verônica, emocionada.

Moradora decide ficar em casa destruída por incêndio — Foto:
Reprodução/TV Globo

‘NÃO DEU TEMPO DE TIRAR PRATICAMENTE NADA’

No dia 28 de agosto, um novo incêndio destruiu outras 90 palafitas em outro
ponto da comunidade. A causa ainda é desconhecida.

Entre os afetados, está o casal Alan e Aline, pais de quatro filhos. Eles
moravam de aluguel havia dois meses e conseguiram salvar poucos pertences. O
Profissão Repórter registrou o momento em que a família carregava um caminhão
rumo à casa da mãe de Alan, na região central de Santos.

> “Não deu tempo de tirar praticamente nada. Tem dias que a gente se pega aqui
> chorando. Mas não pretendo voltar lá para o Dique porque não compensa. Você
> não paga água e luz, mas em cinco minutos você perde tudo”, conta Aline.

O pedreiro Moisés perdeu o barraco construído há sete anos. Ele, a esposa e os
três filhos conseguiram salvar apenas uma televisão e uma caixa de som. Agora,
vivem em um espaço de cinco metros quadrados emprestado por um familiar.

A família de Moisés se juntaram para fazer uma vaquinha para ajudar ele a
família a pagar um aluguel enquanto eles não recebem o auxílio aluguel prometido
pela prefeitura. Mas ele ainda tenta encontrar um outro local para alugar.

> “Eu não estou conseguindo nem dormir”, diz o pedreiro.

Incêndio na maior favela de palafitas do Brasil: VÍDEOS e FOTOS mostram
situação — Foto: Reprodução/TV Globo

HISTÓRIA DE UMA OCUPAÇÃO SOBRE A ÁGUA

O Dique da Vila Gilda começou a ser ocupado nos anos 1960, após uma obra de
drenagem nas margens do Rio dos Bugres. Com o tempo, as pessoas foram ocupando a
região.

A comunidade convive com a ausência de saneamento básico desde sua origem. O
esgoto e o lixo vão direto para a maré. Para ter água, moradores puxam canos de
ruas urbanizadas. Fios de energia se acumulam por becos e puxadinhos
improvisados.

Dona Sônia chegou à comunidade em 1973.

> “Uma vez, uma patroa me perguntou: ‘Como vocês conseguem viver em cima daquela
> lama? Para onde vai o esgoto?’ Eu disse: ‘Para maré’.”

Quem apresenta antigos moradores à equipe é Thaís Helena. Ela viveu 15 anos nas
palafitas e hoje mora com a mãe e a tia em um conjunto habitacional na mesma
região. A realidade da comunidade a motivou a estudar serviço social. Hoje, está
fazendo mestrado e pesquisa a relação entre habitação e a relação com racismo.

> “Eu acho que tem uma visão bem estigmatizada e preconceituosa de uma população
> que joga lixo na Maré, culpabilizada pela sua própria condição de vida, e não
> como um problema social da falta de moradia digna, da falta de políticas
> públicas realmente inclusivas.”

Incêndio na maior favela de palafitas do Brasil: VÍDEOS e FOTOS mostram
situação — Foto: Reprodução/TV Globo

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