Incêndio que já atinge 22% da Chapada dos Veadeiros foi criminoso

Instituto Chico Mendes afirma que fazendeiros da região atearam fogo em represália à ampliação da área protegida

O incêndio que está assolando o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, desde o dia 17 de outubro foi criminoso, na avaliação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As suspeitas são de que o incêndio foi iniciado por fazendeiros da região, em represália à recente ampliação da área do parque. De acordo com o órgão, o fogo ainda não foi controlado e já atingiu 22% do parque. Ontem este percentual estava em 15%.

O combate às chamas será reforçado com a chegada de um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave é equipada com um sistema de combate a incêndio constituído de dois tubos em sua porta traseira que, a uma altitude de cerca de 45 metros podem despejar água nas áreas em chamas. “A previsão é de que a aeronave chegue a partir de amanhã”, disse à Agência Brasil o chefe do parque, Fernando Tatagiba, que é analista ambiental do ICMBio.

Segundo ele, “não há a menor dúvida de que o incêndio é criminoso”, uma vez que ele avançou nas áreas posteriores àquelas onde o aceiro (barreira para contenção do fogo) já havia sido feito. “Temos certeza do local de origem, que foi às margens da GO-118, que liga Brasília ao Tocantins, numa área chamada Pouso Alto. Quem colocou fogo ali conhece a dinâmica do vento e do fogo”, disse o chefe do parque.

Tatagiba explica que a principal causa de incêndios são os raios, que ocorrem nos períodos de chuva. “Não existe combustão espontânea no cerrado. Incêndios iniciados nessa época do ano têm sempre origem humana. Se alguém faz uma queimada e ela foge ao controle, transformando-se a em incêndio, isso já é caracterizado como um crime. No caso desse incêndio na Chapada, uma hipótese que foi levantada pela comunidade é de que o incêndio foi causado por fazendeiros da região em represália ao aumento da área do parque”, acrescentou.

A esperança da equipe é a de que alguma chuva ocorra na região. Tatagiba, no entanto, não está muito otimista. “O céu hoje está nublado, mas apenas com nuvens finas. Com isso a perspectiva de chuva é mínima”, disse.

O incêndio atual teve início no dia 17 de outubro. Diante desse cenário de agravamento da situação, a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás, município localizado na Chapada dos Veadeiros, decretou situação de emergência. Segundo o ICMBio, mais de 200 pessoas, entre profissionais de combate ao fogo e voluntários, trabalham para conter as chamas, que provocaram o fechamento do parque.

Além de brigadistas do ICMBio, do próprio parque e de outras unidades de conservação no país, estão envolvidos no combate ao fogo funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Grupo Ambientalista do Torto (GAT), a Polícia Rodoviária Federal, a prefeitura de Alto Paraíso, bombeiros de Goiás e do Distrito Federal e centenas de voluntários, que estão em campo ou prestando apoio logístico aos trabalhos. Quatro aviões que lançam água sobre as chamas e três helicópteros estão sendo usados na operação.

Fonte: Agência Brasil

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Jovem baleada por agentes da PRF continua em estado grave no hospital

A jovem Juliana Leite Rangel, 26 anos, permanece em estado grave, no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN),em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi internada na unidade, às 21h12, de terça-feira, 24, após ser atingida por um tiro de fuzil na cabeça por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Rodovia Washington Luís (BR-040), também naquele município.

Por meio da Secretaria Municipal de Saúde e da direção do HMAPN, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que a jovem foi levada para a unidade pela PRF. “A direção do HMAPN informa que a paciente, atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, segue internada no CTI, hemodinamicamente instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. A paciente mantém o quadro gravíssimo”, informou em nota divulgada no início da manhã desta quinta-feira, 26.

Em entrevista ontem no Hospital, a médica intensivista do Adão Pereira Nunes, Juliana Paitach, disse que mesmo em estado grave, Juliana Leite Rangel, tem reagido positivamente aos medicamentos que vem recebendo. “Do que ela chegou para agora não teve piora. Ela se manteve em um grau de gravidade que estabilizou com as drogas que estão entrando com a medicação e não teve piora, ou seja, a pressão se manteve com a medicação que está entrando. É uma paciente jovem, que foi atendida com rapidez e muita eficiência, que tem tudo para evoluir com positividade, mas não tem como a gente saber”, afirmou.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou Procedimento Investigatório Criminal, assinado pelo procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, considerando que, conforme a Constituição de 1988 definiu, o órgão tem a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

No texto, o procurador apontou que a jovem de 26 anos seguia de carro na companhia de familiares para comemorar o Natal e sofreu gravíssimos ferimentos. Benones destacou que ela não foi a única vítima, uma vez que o pai  dela, Alexandre, também foi baleado.

O procurador determinou que, considerando a necessidade de efetuar diligências, “visando a colheita de informações, documentos e outros elementos aptos a direcionar e definir a linha de atuação deste órgão ministerial no caso aqui apresentado”, a Superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, dê informações sobre as providências adotadas. Requisitou ainda à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, também no Rio, a identificação dos policiais rodoviários federais envolvidos na ocorrência e a identificação dos autores dos disparos.

O procurador requereu também o imediato afastamento das funções de policiamento dos policiais envolvidos no caso, além do recolhimento dos veículos “com total preservação de seu estado, conforme verificado após a ocorrência”.

Benones determinou ainda o recolhimento e acautelamento das armas, de qualquer calibre ou alcance, que estavam em poder dos policiais envolvidos, “independentemente de terem sido utilizadas ou não, para realização de perícia”.

Para o HMAPN, o procurador pediu a expedição de um ofício para que o diretor da unidade informe ao MPF o estado de saúde das vítimas, independente de boletins médicos, bem como para o envio, de imediato, dos respectivos Boletins de Atendimento Médico de Juliana e de Alexandre.

Ainda no texto, o procurador determinou à Polícia do Ministério Público Federal que se dirija ao Hospital Adão Pereira Nunes, para apurar o estado de saúde da vítima, com declaração médica, a identidade dos integrantes da equipe médica que prestou os primeiros socorros, bem como da equipe responsável pelo acompanhamento do tratamento”.

Inquérito

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a ocorrência da noite desta terça-feira, 24, que envolve policiais rodoviários federais. De acordo com a PF, as apurações começaram após ser acionada pela PRF.  Uma equipe esteve na Rodovia Washington Luís (BR-040) para realizar as medidas iniciais, como “a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, contou em nota divulgada ontem.

Também em nota, a Polícia Rodoviária Federal  informou nesta quarta-feira, 25, que, por determinação da Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, foi aberto, na manhã de ontem, um procedimento interno para apuração de fatos relacionados aos disparos, na BR-040, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. De acordo com a PRF, “os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais”.

A corporação disse lamentar profundamente o episódio e esclareceu que, por orientação da Direção-Geral, “a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana”.

Quanto às investigações, indicou que colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas apurações do caso.

Ministério da Justiça e Segurança Pública

“A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias”, apontou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em nota divulgada pela pasta.

Lewandowski lamentou o incidente, que na visão dele, “demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública lamenta o ocorrido e se solidariza com a vítima e seus familiares. Informa ainda que tem empenhado todos os esforços para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas”, completou a nota.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp