Prejuízos, recomeço e prevenção: 1 ano após onda de incêndios, como estão os produtores de cana em SP
Em agosto de 2024, milhares de hectares foram perdidos em meio a um número recorde de focos de incêndio no estado. Monitoramento via satélite e grupos de trabalho fazem parte das ações de combate.
As usinas de cana do Centro-Sul moeram na atual safra 9% menos matéria-prima na comparação com o mesmo período do ciclo anterior. A parcial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) confirma uma tendência antecipada por especialistas, em grande parte associada aos impactos dos incêndios recordes de agosto de 2024, principalmente os que assolaram plantações e áreas de preservação no estado de São Paulo.
Um ano depois dos dias que viraram noite com fogo, fumaça, desespero e medo, principalmente nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, os produtores de cana paulistas – que concentram grande parte da produção brasileira – ainda amargam prejuízos, como a necessidade de refazer plantios completamente perdidos.
> “Às vezes a cana que pega fogo é uma cana que não fez aniversário ainda, não está perto do ponto de colheita, ou seja, você perde a produtividade. Às vezes é uma área que passou por tratos culturais, você perde todo o adubo que usou ali”, exemplifica Almir Torcato, diretor executivo da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste).
Há 1 ano, a onda de incêndios causava prejuízos e transtornos ao interior de SP.
Em agosto de 2024, cidades das regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto estiveram entre as mais atingidas por uma onda de incêndios no estado de São Paulo, com plantações e áreas de vegetação destruídas, motoristas em risco e prejuízos à saúde dos moradores devido a um dos piores índices de qualidade do ar já registrados pela Companhia Ambiental do Estado (Cetesb).
No auge do problema, o estado de São Paulo registrou em dois dias quase 7 vezes mais incêndios do que em todo o mês de agosto de 2023, com 2,3 mil focos registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Quais foram os prejuízos?
Um relatório divulgado pela Canaoeste aponta que agosto de 2024 terminou com 658,6 mil hectares de vegetações e plantações no estado de São Paulo destruídas pelo fogo. Deste total, quase a metade – 328,2 mil hectares – foi atingida em um único dia.
Somente nos canaviais, a área atingida estimada foi de pelo menos 231,8 mil hectares, dos quais 132 mil hectares eram de áreas que ainda seriam colhidas, segundo a Unica.
Da área abrangida pela entidade, onde estão mais de 2 mil plantadores no oeste do estado, em torno de 20% dos canaviais foram atingidos nas raízes e foram completamente perdidos.
Nessas áreas, o replantio já foi realizado, mas, devido às características do ciclo da cana-de-açúcar, a primeira colheita só deve ocorrer em 2026. “Tanto que esta safra inclusive já está sendo prejudicada no aspecto de produtividade em razão dos focos de incêndio do ano passado”, afirma Torcato.