Com celebrações em forma de cantos e danças, os indígenas comemoraram o acordo que resultou na liberação da ferrovia que conecta o Pará ao Maranhão. O trecho da via estava bloqueado desde o dia 9 de março, mas graças à mediação do Ministério Público Federal (MPF), um entendimento foi alcançado e culminou na desobstrução da Ferrovia Carajás. Os manifestantes da etnia Gavião expressaram sua alegria com a resolução do conflito através de performances tradicionais – veja detalhes no vídeo acima.
A Terra Indígena Mãe Maria, situada no sudeste do Pará, foi o epicentro das manifestações que resultaram no bloqueio da ferrovia. A presença de tendas dos indígenas entre os municípios de Bom Jesus do Tocantins e Marabá marcou a posição do grupo em relação às reivindicações envolvendo a Vale. A empresa é apontada pelos manifestantes como responsável por invadir cerca de 500 metros da área da Terra Indígena.
Após intensas negociações, um termo de compromisso entre a Vale e os indígenas será revisado em um prazo acordado por ambas as partes. O objetivo é redefinir os limites de atuação da empresa na região e garantir a preservação dos territórios essenciais para as 32 aldeias da região. Desde a construção da ferrovia na década de 1980, as comunidades indígenas têm demandado mudanças no trajeto da estrada de ferro ou a compensação territorial equivalente.
Mesmo com a liberação da ferrovia, a circulação de trens de passageiros continua suspensa para inspeção da via e manutenção no sábado e domingo. A previsão é que o serviço seja restabelecido a partir de segunda-feira, conforme pontuado pela Vale. A Ferrovia Carajás tem 892 km de extensão e atende a 27 cidades em uma jornada de 16 horas, transportando cerca de 1.300 passageiros diariamente, além de outros 60 trens que transitam pela via com combustível e minério de ferro.
As demandas dos indígenas em relação à ocupação de terras pela Vale são antigas e se intensificaram nos últimos anos. A comunidade espera uma ação efetiva da empresa para atender às reivindicações relativas à área invadida. A construção da Ferrovia Carajás foi acompanhada pela homologação da Terra Indígena Mãe Maria em 1986, abrigando quatro povos nativos.
A resolução do impasse entre os indígenas e a Vale representa um marco na luta pela preservação dos territórios tradicionais e na busca por um diálogo construtivo entre as partes envolvidas. A celebração dos acordos firmados é um passo importante na relação entre as comunidades indígenas e as empresas que atuam em seus territórios, demonstrando a importância do respeito mútuo e da valorização da cultura e dos direitos dos povos originários.