Indígenas estão realizando uma vigília no Museu Nacional em protesto pela devolução do Manto Tupinambá à Bahia. A exigência é resgatar o objeto sagrado para a cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, pertencente à etnia Tupinambá. Mesmo após o Brasil ter recuperado o artefato em 2024, ele foi direcionado para o acervo do museu no Rio de Janeiro, o que gerou a manifestação por parte dos indígenas de Olivença. Eles reivindicam o envio do manto de volta às suas raízes baianas, onde se encontra a história e a conexão ancestral desse povo.
Este acontecimento histórico envolve o retorno do Manto Sagrado Tupinambá, que estava em exposição na Dinamarca, país europeu, antes de ser doado ao Brasil para auxiliar na recomposição do acervo do Museu Nacional, que foi devastado por um incêndio em 2018. A presença dos indígenas Tupinambá no Rio de Janeiro marca uma vigília atrás da biblioteca do museu, onde o manto está guardado, em comemoração ao aniversário de um ano desde seu retorno ao país.
Durante a vigília, os indígenas promovem atividades como diálogos, palestras e rituais, contando com a presença de parceiros de luta, incluindo figuras como o ator e apresentador Klebber Toledo. Bekoya Tupinambá, representante do Conselho Indígena Tupinambá de Olivença (Cito), destaca a importância do retorno do manto à Bahia, uma reivindicação que teve início nos anos 2000. A figura de destaque no movimento é Nivalda Almaral, conhecida como Amotara, por sua defesa da relevância do Manto Sagrado para o grupo étnico.
O Manto Tupinambá tem um significado profundo para os indígenas, sendo considerado uma entidade sagrada e fundamental para a memória e identidade da etnia. A conexão com o artefato remonta a exposições realizadas inúmeras décadas atrás, quando a importância do manto para os Tupinambá já era reconhecida. A luta pela repatriação do objeto é uma forma de reafirmar a história e os laços espirituais do povo com sua ancestralidade, demonstrando a resistência e a persistência na busca pelo retorno do que lhes é sagrado.
Apesar do retorno do Manto Tupinambá em 2024 e das celebrações realizadas no Museu Nacional com representantes políticos, os indígenas de Olivença, distrito de Ilhéus, sentem-se excluídos das discussões e decisões sobre o futuro do artefato. A falta de diálogo e participação ativa do grupo na decisão sobre o destino do manto gera descontentamento e revolta, levando os indígenas a reivindicarem não só a devolução desse objeto, mas também de outros 10 mantos que ainda permanecem na Europa.
O ativista Bekoya e outros representantes da etnia destacam a importância de estabelecer um canal de diálogo com o Estado para discutir a repatriação dos artefatos, respeitando a cultura e os desejos do povo Tupinambá. Além disso, há planos de construir um local na cidade para abrigar esses artefatos considerados anciãos do povo, garantindo sua proteção e preservação. A luta pela devolução do Manto Tupinambá à Bahia exemplifica a resistência indígena e a busca por reconhecimento e respeito pela sua herança cultural e espiritual.