Anderson Gabriel da Silva, de 25 anos, foi solto após a Defensoria Pública comprovar que o homicídio atribuído a ele foi cometido por outro homem com mesmo nome e nome da mãe. Ele passou nove meses preso por engano, vivendo um verdadeiro pesadelo. Ao acordar na última terça-feira (9), foi liberado pela Justiça após a instituição constatar o equívoco que o deteve injustamente por conta de um crime cometido por outro Anderson, natural da Paraíba e com os mesmos dados de identificação.
O jovem de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, foi acusado de participar de um homicídio em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, em 2023. No entanto, desde o início, Anderson afirmou sua inocência, negando qualquer ligação com o crime. Mesmo assim, ficou no Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, por nove meses. A sequência de erros cometidos pela polícia e pela Justiça resultou na prisão de um inocente, trazendo à tona falhas no sistema de justiça.
De acordo com o subdefensor público da capital, Wilker Neves, um mandado de prisão foi expedido erroneamente em nome de Anderson em 2023, após o crime, e não foi cancelado. Outro criminoso, também chamado Anderson, mas da Paraíba, foi detido e seu advogado identificou o equívoco, porém, a correção não foi formalizada. Assim, dois mandados de prisão foram emitidos para Andersons diferentes pelo mesmo crime, resultando na prisão indevida do jovem pernambucano.
Após nove meses injustamente preso, Anderson foi libertado em janeiro de 2025, mas o trauma da experiência não desapareceu. Ele relata a dificuldade em se adaptar de volta à sua rotina e o impacto psicológico causado pela prisão. Voltar para casa não foi fácil, pois a prisão deixou marcas profundas em sua mente. Anderson ressalta as condições precárias do sistema carcerário, com tuberculose, banheiros lotados e a presença de pessoas inocentes como ele, destacando a necessidade de mudanças estruturais no sistema de justiça.
A luta pelo reconhecimento da inocência de Anderson foi uma batalha conjunta entre as defensorias de Jaboatão, Goiana e do Cotel. A falta de visibilidade para o caso, devido à vulnerabilidade econômica e social de sua família, foi denunciada por sua avó, Margarida da Silva. A constatação do erro pelas autoridades competentes chegou tarde, sendo apenas na semana passada que a juíza responsável pelo caso tomou conhecimento da situação, após a intervenção da Defensoria Pública.
A experiência de Anderson Gabriel da Silva serve como alerta para as falhas no sistema de justiça, evidenciando a importância da defesa dos direitos individuais e do combate às injustiças. A busca pela verdade e pela justiça deve ser constante, para evitar que casos como o dele se repitam. A liberdade recuperada não apaga o trauma vivido, mas traz a esperança de dias melhores e de uma justiça mais eficiente e humana.