Inquéritos com 2,5 mil páginas revelam mensagens entre secretária e ex-presidente da Apae sobre valores desviados: ‘Tô rica’
Reportagem da TV TEM teve acesso, com exclusividade, aos documentos que fazem parte das investigações do desaparecimento e suposto assassinato de Cláudia Lobo, secretaria executiva da entidade em Bauru e da apuração de esquema de desvio milionário que levou à prisão de 8 pessoas.
Inquéritos com 2,5 mil páginas revelam mensagens entre secretária e ex-presidente da Apae
Inquéritos com 2,5 mil páginas revelam mensagens entre secretária e ex-presidente da Apae
A reportagem da TV TEM e do DE tiveram acesso, com exclusividade, aos inquéritos policiais do desaparecimento e suposto homicídio da secretária executiva da Apae de Bauru (SP), concluído no dia 10 de outubro, e da apuração de um esquema de desvio milionário na entidade que levou à prisão de 8 pessoas em uma operação deflagrada nesta terça-feira (3).
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Juntos, os dois inquéritos possuem mais de 2.500 páginas. Eles trazem detalhes das apreensões realizadas na Apae, dados de computadores, quebra do sigilo bancário dos investigados, depoimentos de funcionários e ex-funcionários da instituição e muitas trocas de mensagens entre Roberto Franceschetti Filho, ex-presidente da entidade, e Cláudia.
O da Divisão Especializada de Investigações Criminais, que investiga a morte de Cláudia e serviu como base para incriminar o ex-presidente da entidade Roberto Franceschetti Filho e o ex-funcionário do almoxarifado, Dilomar Batista, tem 1.579 mil páginas. Os dois se tornaram réus nesse processo e a primeira audiência do caso já foi marcada pela Justiça.
Já o inquérito do setor especializado de combate aos crimes de corrupção, crime organizado e lavagem de dinheiro (Secold), que investiga o esquema de desvio de verba na Apae, tem mais de 900 páginas. O inquérito foi aberto a partir de indícios de irregularidades na administração da entidade que teriam motivado o assassinato de Cláudia.
Transcrição das mensagens
Para a polícia, as transcrições e depoimentos mostram que o esquema de desvio de verbas da instituição vinha acontecendo há anos. Em uma das conversas, ainda em 2019, quando Olga Bicudo era presidente da Apae, Claudia enviou uma foto para Roberto com o extrato bancário de um depósito de mais de R$ 47 mil reais e escreveu na sequência “Vou fugir”.
Roberto então pede pra que ela divida com ele a quantia, e ela envia um outro extrato pra ele mostrando que depositou R$ 23.882,00.
Em janeiro de 2020, após o falecimento de dona Olga, Roberto enviou uma mensagem dizendo: “ta guardado e seguro”; se referindo a uma quantia em dinheiro, e enviou uma senha para Cláudia.
Cláudia então respondeu rindo e disse que o valor seria de R$ 240 mil, “Valor do apê”. E depois comemorou com um palavrão e disse que a presidente da época iria dar o “ok”.
Em outro depoimento, é dito que Roberto, em junho de 2020, enviou um áudio avisando a Cláudia para pegar um dinheiro na gaveta dele, e a secretária executiva respondeu dizendo: “Tô rica”, expressão utilizada várias vezes por ela, segundo o documento da Polícia Civil.
Como, por exemplo, em outubro do mesmo ano, depois de receber uma transferência de quase R$ 30 mil. Os inquéritos ainda mostram trocas de favores entre Roberto e Cláudia e como os dois teriam se ajudado para conseguir aumentos de salário.