Instituto Butantan inova conceito de bem-estar de serpentes
Enriquecimento ambiental de novo programa da entidade permite conhecer detalhes
do comportamento das cobras
No bloco 1 do LEEv, é possível observar diferentes espécies de serpentes, como a
jararaca-de-alcatraze — Foto: José Felipe Batista
Quando a gente ouve falar do Instituto Butantan é claro que nos vêm à mente
vacinas, soros e serpentes. Sem dúvida, o Butantan é referência internacional
nesse sentido. Mas o que você pensaria sobre o termo “bem-estar” de répteis.
No Leev – Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto esse conceito é levado
a sério pela equipe coordenada pela dra. Cristiane Pizzutto, responsável técnica
do Leev.
> “Quando falamos em bem-estar animal, é essencial considerar primeiramente a
> biologia e as necessidades fisiológicas e comportamentais da espécie.
> Compreender sua relação com o ambiente natural é fundamental para desenvolver
> um programa de bem-estar quando o animal estiver sob cuidados humanos”.
“Colocar um animal em um ambiente artificial com responsabilidade e compromisso
com sua qualidade de vida é uma tarefa complexa e todas as ações devem ser
direcionadas para garantir que o indivíduo possa se adaptar ao novo ambiente,
oferecendo opções de escolha, segurança e conforto”.
> “Além disso, o espaço deve ser funcional para permitir que as serpentes
> expressem um amplo repertório de comportamentos naturais. “Isso inclui todas
> as fases de crescimento e desenvolvimento, diferentes épocas do ano,
> especificidades individuais e o papel que o animal desempenha”, explica a dra.
> Pizzutoto.
Desde a construção dos recintos e terrários o conceito de bem-estar foi colocado
no projeto.
Viveiro destinado à habitação da jararaca-ilhoa — Foto: André Ricoy
A jararaca-ilhôa (Bothrops insularis), por exemplo, vai contar com um viveiro
planejado para replicar as características únicas da Ilha da Queimada Grande, de
onde é originária. No recinto foi implementado um sistema de aspersão de água
para manter a umidade alta, semelhante ao ambienta natural da ilha que fica no
litoral paulista. Mudas de espécies vegetais nativas da ilha também estão sendo
plantadas no viveiro. Assim que elas alcançarem o tamanho ideal, alguns
exemplares dessa serpente serão alojadas no viveiro.
“Sempre buscamos que os animais prosperem tanto como indivíduos quanto como
espécies. Prosperar significa atender às suas necessidades básicas, expressar
comportamentos típicos da espécie, enfrentar desafios ambientais com sucesso e
manter boa saúde física e mental,” complementa a responsável técnica do Leev.
Não apenas as serpentes da ilha vão se beneficiar do programa de bem-estar, as
jiboias também estão incluídas no programa.
Enriquecimento ambiental de novo programa da entidade permite conhecer detalhes
do comportamento das cobras — Foto: Arquivo TG
O Leev desenvolveu o interior dos recintos, ambientação e enriquecimento,
utilizando materiais naturais como árvores caídas, galhos, folhagens, pedras
entre outros. A capacitação profissional também é outro ponto essencial, pois o
bem-estar animal é uma ciência em constante evolução, exigindo conhecimento
técnico e acadêmico atualizados.
Composto por quatro blocos suspensos e independentes, o LEEv é considerado um
projeto inovador — Foto: José Felipe Batista
“Nosso objetivo é compartilhar todas as ações do Leev por meio de nosso programa
educativo com os visitantes e através de publicações em importantes periódicos
acadêmicos, congressos e mídias sociais de grande impacto”, conclui a dra.
Cristiane Pizzutto.
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