VÍDEO: nutricionista tem intoxicação intestinal após comer beterraba e viraliza com alerta
Isabelly Rocha e o marido foram parar no hospital após comer legume cozido em Rio Claro (SP). Especialista diz que bactérias criam forma de resistência que sobrevive ao calor.
Intoxicação: nutricionista viraliza após parar no hospital com marido por comer beterraba
Deixar o jantar “esfriar um pouco” antes de guardar na geladeira é um hábito muito comum nas cozinhas e lares brasileiros. Mas o gesto aparentemente inofensivo pode ter consequências sérias, como descobriu a nutricionista Isabelly Rocha, de 32 anos, de Rio Claro (SP).
Ela e o marido Raul tiveram intoxicação intestinal por contaminação alimentar após a nutricionista cozinhar uma beterraba e deixar o legume sobre o fogão durante a noite. O casal foi parar no hospital em uma semana de muito mal-estar, diarreia e fraqueza.
Isabelly decidiu compartilhar a experiência nas redes sociais para alertar as pessoas sobre a contaminação de alimentos cozidos por bactérias invisíveis. O vídeo do relato dela viralizou e soma mais de 1,4 milhão de visualizações até a última atualização desta reportagem.
A nutricionista, Isabelly Rocha, de Rio Claro (SP) fez relato de intoxicação alimentar e viralizou nas redes sociais — Foto: Instagram/Reprodução e Pixabay
A nutricionista, Isabelly Rocha, de Rio Claro (SP) fez relato de intoxicação alimentar e viralizou nas redes sociais — Foto: Instagram/Reprodução e Pixabay
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ESPECIALISTA EXPLICA CONTAMINAÇÃO
O DE conversou com Adilson César Abreu Bernardi, doutor em biociências e biotecnologia aplicadas à farmácia e professor universitário em medicina, patologia laboratorial e microbiologia, que explicou o processo científico por trás da contaminação.
Segundo ele, alimentos cultivados no solo, como a beterraba e a batata-doce, naturalmente possuem muitos microrganismos, como bactérias e fungos.
“Esses alimentos, no caso da beterraba, da batata-doce, têm muito carboidrato, né? Muito açúcar, que é o que as bactérias e os fungos gostam e precisam para poder se multiplicar”, explicou Bernardi.
O especialista aponta que o cozimento (fervura) mata a maioria das bactérias que estão em forma “vegetativa”, ou seja, ativas. O problema é que algumas bactérias criam “esporos”, uma forma de resistência que sobrevive ao calor.
“Essa forma de esporo só consegue ser eliminada numa alta temperatura em procedimentos mais específicos que a gente chama de esterilização”, afirma.
Bernardi explica que, se o alimento não for bem higienizado antes do cozimento, os esporos podem sobreviver à fervura. Quando o alimento cozido é deixado esfriando, ele atinge a faixa de temperatura ideal para esses esporos “germinarem”.
Para o professor, o que aconteceu com a nutricionista é um caso clássico. “Provavelmente devia estar bem quente, né? E ela deixou numa vasilha abafadinho. Criou um ambiente propício para se multiplicar”, analisa.
ALERTA E REPERCUSSÃO
A nutricionista Isabelly Rocha fez relato de intoxicação no Instagram e viralizou — Foto: Reprodução
A nutricionista Isabelly Rocha fez relato de intoxicação no Instagram e viralizou — Foto: Reprodução
A profissional se surpreendeu com a repercussão do relato pessoal. Ela atua nas áreas de nutrição endócrina e comportamental, e explicou que, mesmo não sendo especialista em controle de qualidade de alimentos, sentiu a necessidade de assumir o próprio erro e transformar a situação em um alerta.
A nutricionista comentou que o episódio começou com um simples descuido no manuseio dos alimentos. Por exemplo, ao cozinhar, batata, batata-doce ou beterraba, o correto é descartar as cascas imediatamente e armazenar na geladeira o que não for comer na hora.
“Fiz a beterraba e sempre tive esse costume de cozinhar e deixar esfriando na panela com água. Isso foi de noite, eu estava cansada, tampei a panela e deixei lá. Só fui descascar no almoço no dia seguinte e comemos ela cozida. Mas acordamos passando muito mal no dia seguinte. Foi uma bobagem que me deu a pior intoxicação da vida”, lembrou.
A nutricionista também reforçou que outro erro comum é as pessoas deixarem alimentos congelados fora da geladeira até descongelar.
“Já descongelei frango de forma incorreta também. O correto é descongelar sempre dentro da geladeira e preparar logo em seguida. E também assim que o alimento sai do ponto de fervura, já deve voltar para a geladeira, porque pode haver bactérias esperando uma temperatura ideal para se proliferar e a água ajuda nesse processo”, disse.
Após o episódio doloroso, ela conta que passou a redobrar os cuidados com alimentos prontos e sobras de refeições.
“Depois disso eu vi casos de pessoas que comeram coisas corriqueiras e morreram por bobagem. Toda semana alguém esquece arroz, feijão… Hoje sou muito mais cuidadosa, porque sei o mal e o perigo que corremos. Ficamos cinco dias sem conseguir levantar da cama. Choramos de desespero, porque somos superativos e ficamos muito mal. Perdi 4 quilos e ele 6. Não gosto nem de lembrar”, lembrou.
MAIS INFORMAÇÃO, MENOS IMPROVISO
Segundo a profissional, legumes cozidos e armazenados na geladeira duram, em média, de três a cinco dias. Embora a perda nutricional seja mínima nesse período, o risco de contaminação por micro-organismos aumenta depois desse prazo.
Com o relato, a nutricionista espera que mais pessoas adotem práticas seguras no preparo e armazenamento dos alimentos.
Legumes “inocentes”, como beterraba e batata-doce, que são alimentos ricos em amido e açúcares naturais, podem se transformar em um verdadeiro cultivo de microrganismos perigosos, e dá para evitar que isso aconteça. “Pequenos cuidados podem evitar grandes sustos”, disse.
SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR
A nutricionista comentou que o casal comeu a beterraba no almoço, e mais tarde ela foi à academia. Chegando lá, Isabelly ainda treinou um pouco, mas teve que voltar logo para casa. Os sintomas da intoxicação costumam surgir de 6 a 12 horas após o consumo, com náusea, diarreia e fraqueza.
O mal-estar pode ser causado tanto pela ingestão do microrganismo vivo, que se multiplica no intestino (infecção), quanto pela ingestão de substâncias que ele libera no alimento (intoxicação).
Segundo o professor Adilson Bernardi, esse é um ponto crítico. Em muitos casos, mesmo que o alimento seja reaquecido antes do consumo, o perigo continua.
“Muitas vezes, na hora de você preparar ou reaquece o produto, você mata a bactéria. Mas a toxina resiste. A gente fala que existem algumas toxinas que são termorresistentes e elas acabam suportando o cozimento, a fervura”, alerta.
O especialista também cita patógenos específicos que são muito perigosos na área alimentícia, como a Salmonella, comumente associada a ovos, e o Staphylococcus aureus, encontrado em laticínios.
Outro risco grave em alimentos, principalmente embutidos e enlatados mal processados, é o botulismo, causado por uma toxina que provoca paralisia e pode ser fatal.
CUIDADOS ESSENCIAIS
Alguns cuidados simples evitam dor de cabeça (e de estômago):
Higienize bem os alimentos (como legumes e tubérculos) antes do cozimento para remover terra e microrganismos do solo.
Refrigere os alimentos cozidos em até duas horas após o preparo.
Divida grandes porções em recipientes menores para resfriar mais rápido.
Evite deixar panelas tampadas sobre o fogão (o ambiente “abafado” favorece a proliferação).
Evite deixar alimentos com água na panela, pois a água acelera o crescimento microbiano.
Use recipientes de vidro ou plástico em bom estado; evite potes velhos e riscados, que podem abrigar bactérias.
Armazene na geladeira entre 4 °C e 5 °C. Consuma sobras em até três dias.
Pessoas com sistema imunológico debilitado e crianças devem priorizar alimentos bem cozidos e evitar crus, devido à alta carga microbiana natural.
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