Atirador identificado, vítima transferida e estacionamento da milícia: veja o que se sabe sobre invasão a hospital no Rio
Criminosos armados com fuzis invadiram hospital durante a madrugada de quinta-feira (18) em busca de paciente baleado. Unidade tinha mais de 300 internados e oito mulheres em trabalho de parto no momento da invasão.
Secretário de Saúde fala sobre invasão ao Hospital Pedro II
Secretário de Saúde fala sobre invasão ao Hospital Pedro II
Na madrugada desta quinta-feira (18), oito homens armados com fuzis invadiram o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. O grupo, segundo a Polícia Civil, é formado por milicianos que buscavam executar um rival internado na unidade após sobreviver a uma tentativa de assassinato.
A INVASÃO
O ataque aconteceu por volta das 2h37. Câmeras de segurança registraram o momento em que dois carros chegaram à portaria do hospital. Um dos homens desceu encapuzado, com um fuzil e vestindo um colete com a inscrição da DRACO — Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas. Apesar da aparência, ele não era policial. Vestidos de preto, os criminosos circularam pelos corredores até o centro cirúrgico, onde acreditavam que o alvo estava. No momento da invasão, o hospital tinha mais de 300 pacientes internados, oito mulheres em trabalho de parto e diversas cirurgias em andamento. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a cena foi de pânico.
O ALVO DOS CRIMINOSOS
O homem procurado pelos milicianos é Lucas Fernandes de Sousa, de 31 anos. Ele foi baleado nove vezes na tarde de quarta-feira (17), em uma emboscada no condomínio Viva Felicidade, também em Santa Cruz. Lucas já foi preso por extorsão em 2019 e responde ao processo em liberdade, de acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi. “Ele era miliciano, a vítima, pertencia à milícia e teria trocado de facção e passou a integrar o Comando Vermelho”, disse o secretário. A cirurgia de Lucas já havia terminado, e ele havia sido transferido para a enfermaria. Sem encontrá-lo, os criminosos deixaram o hospital. Pela manhã, o paciente foi transferido com escolta policial para outra unidade.
REFORÇO POLICIAL E INVESTIGAÇÃO
A Polícia Militar reforçou o policiamento no entorno do hospital. Segundo o secretário Marcelo de Menezes, a ação foi rápida. “Os funcionários entraram em contato com o nosso policial na sala de polícia. Esse policial acionou o batalhão da área, que enviou equipes para o hospital. Vasculharam e os marginais já tinham se evadido”, disse Menezes.
A Polícia Civil identificou o miliciano que comandou a invasão. Ele é o mesmo que teria atirado contra Lucas no dia anterior e possui mais de 20 anotações criminais, incluindo porte de arma, extorsão e clonagem de veículos. “Está sendo investigado também por coordenar essa ação criminosa e terrorista contra essa vítima no hospital”, disse Curi.
HISTÓRICO DE INVASÕES A HOSPITAIS NO RIO
A invasão ao Pedro II não é um caso isolado. Pelo menos cinco outras unidades de saúde já foram alvo de ações semelhantes. Relembre: 1994 – Hospital Getúlio Vargas, Penha: 15 homens armados invadiram para resgatar um traficante; 2008 – Hospital Carlos Chagas, Marechal Hermes: 30 criminosos com coletes semelhantes aos da polícia resgataram um suspeito; 2014 – Hospital Azevedo Lima, Niterói: 15 homens armados resgataram um chefe do tráfico; 2016 – Hospital Souza Aguiar, Centro: quase 40 tiros foram disparados durante o resgate de um criminoso conhecido como Fat Family.
ESTACIONAMENTO SOB CONTROLE DE MILICIANOS
Funcionários do Hospital Pedro II denunciaram que o estacionamento do hospital está sob domínio de milicianos, que cobram taxas de quem deseja parar no local. A Secretaria de Ordem Pública e o batalhão de Polícia Militar da área foram acionados para investigar a denúncia. Segundo Daniel Soranz, só em 2025, 516 unidades de saúde do município precisaram interromper o funcionamento por questões de segurança pública, como tiroteios e operações policiais.