Investigação aponta uso de diploma falso em cargo na Câmara de Foz do Iguaçu: terceiro caso em 2025

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Ex-assessor é investigado por uso de diploma falso para ocupar cargo de R$ 11
mil na Câmara de Foz do Iguaçu, aponta auditoria

Documento apresentado por ex-servidor do gabinete do vereador Ranieri Marchioro (Republicanos) foi considerado falso por colégio estadual. Terceiro caso de falsificação de diploma em 2025 foi encaminhado ao MP e à Polícia Civil.

A Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, identificou uma nova suspeita de uso de diploma falso por um assessor parlamentar.

O documento foi apresentado por Leandro Pinto, que atuou por três meses e meio no gabinete do vereador Ranieri Marchioro (Republicanos).

Leandro Pinto foi nomeado assessor parlamentar em janeiro de 2025, com salário de R$ 11.191. Ele foi exonerado em 30 de abril.

A irregularidade foi apontada durante uma auditoria do setor de controle interno da Câmara, que apura se os processos de contratação de servidores — concursados e comissionados — seguem a legislação e os regulamentos da Casa.

Para ocupar o cargo, basta a indicação de um vereador, no entanto, é obrigatória a apresentação de conclusão do ensino médio. A regra está no regimento interno da Câmara de Foz do Iguaçu e segue uma orientação do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Durante a análise da documentação, os auditores notaram que o certificado de conclusão do ensino médio entregue por Leandro Pinto não seguia o padrão habitual emitido pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) do Paraná.

Segundo o relatório da auditoria, o documento não apresenta informações básicas, como os anos cursados, a data de emissão, o campo “certificado” de conclusão, nem os atos oficiais do curso ou do estabelecimento. Também não havia anexos com RG (Registro Geral) e CPF (Cadastro de Pessoa Física) do aluno.

A Câmara instaurou um processo administrativo disciplinar contra o ex-assessor, publicado no Diário Oficial em 3 de julho. Para ocupar o cargo, é exigido ao menos o ensino médio completo.

ESCOLA NEGA AUTENTICIDADE DO DOCUMENTO

O caso foi então encaminhado ao Núcleo Regional de Educação (NRE) de Curitiba, que solicitou uma verificação junto ao Colégio Estadual São Pedro Apóstolo, indicado como responsável pela emissão do documento.

Em nota, o colégio informou que o certificado é inidôneo. Segundo a direção, os nomes da diretora e da secretária que constam no documento estão incorretos e não correspondiam aos ocupantes dos cargos em 2016.

A instituição também apontou diferenças na carga horária, na matriz curricular e afirmou não reconhecer as assinaturas.

Ainda conforme a escola, o histórico do aluno mostra aprovação no 6º ano em 2006 e matrícula nos anos seguintes em outra unidade, o Colégio Estadual Flávio Warken, em Foz do Iguaçu. Não há registros de matrícula no ensino médio.

Com base nessas informações, a auditoria interna da Câmara elaborou um relatório de 130 páginas, finalizado em 2 de junho de 2025. O documento foi encaminhado à presidência da Câmara, ao Ministério Público e à Polícia Civil, que investigam o caso.

Leandro Pinto é ex-assessor na Câmara de Vereadores de Foz do Iguaçu — Foto: Reprodução/ Rede Sociais

Em nota publicada nas redes sociais, Leandro Pinto alegou que ele mesmo identificou a inconsistência no histórico escolar ao revisar sua documentação.

Segundo ele, não houve falsificação de sua parte e, ao constatar o problema, pediu exoneração voluntária em 21 de abril. “Minha conduta foi pautada pela boa-fé e pelo senso de responsabilidade pública”, escreveu.

O vereador Ranieri Marchioro (Republicanos) foi procurado pela RPC, mas não respondeu.

CASO NÃO É ISOLADO

Essa não é a primeira vez que a Câmara detecta diplomas irregulares. Em 2024, duas auditorias apontaram situações semelhantes. Esta é a terceira investigação realizada apenas em 2025.

Neste ano, outros dois assessores apresentaram diploma falso de conclusão de ensino médio para poder ocupar o cargo na Câmara Municipal, onde recebiam mais de R$ 11 mil, de acordo com investigação do Ministério Público do Paraná.

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