O TJSP abriu uma investigação contra o juiz aposentado que utilizou um nome falso por 45 anos. Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, que na verdade se chama José Eduardo Franco dos Reis, está sendo acusado de falsidade ideológica. O processo está sendo conduzido em sigilo pela Corte Paulista.

José Eduardo, sob seu pseudônimo fictício, matriculou-se na Faculdade de Direito da USP e, em 1995, foi aprovado em um concurso para juiz. Na época, se passava por Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, afirmando ser descendente de nobres britânicos. Utilizando seu nome falso, chegou a obter habilitação e comprar um carro.

O juiz usou sua identidade falsa durante toda sua carreira, atuando até sua aposentadoria em 2018. Recentemente, o TJSP suspendeu os pagamentos de José Eduardo, após as denúncias de falsidade ideológica virem à tona. Os valores brutos recebidos por ele foram de R$ 166 mil, com líquidos em R$ 143 mil.

A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação devido a suspeitas em relação à documentação apresentada por José Eduardo. Ao solicitar a segunda via de seu RG como Edward Albert, foi constatado que suas digitais correspondiam na realidade a um homem chamado José Eduardo Franco dos Reis, o que resultou na descoberta da duplicidade de registros do juiz aposentado.

Nascido em Águas da Prata, José Eduardo afirmou ser um artesão de 67 anos. Segundo o MPSP, ele criou o personagem fictício Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield em 1980, obtendo documentos como título de eleitor, CPF e passaporte com o nome falso. O IIRGD na época não possuía recursos para identificar a fraude.

A escolha do pseudônimo por parte do juiz aposentado faz referências à literatura inglesa, com inspirações em obras de renomados autores como Charles Dickens e Geoffrey Chaucer. Além disso, o nome adotado por José Eduardo traz conexões com a cultura medieval e a história do Rei Artur na Inglaterra.

O MPSP denunciou José Eduardo por falsidade ideológica e uso de documento falso, solicitando o cancelamento dos documentos em nome de Edward, a entrega do passaporte do suspeito e impedindo-o de deixar a cidade. O caso continua sendo acompanhado para a tomada das medidas cabíveis em relação às infrações cometidas por ele.