Iphan recomenda restauração para imagens sacras em Pirenópolis: Santa com “harmonização facial” e Senhor Morto com nova pintura.

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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DE) concluiu que as
intervenções que deram o aspecto de “harmonização facial” à imagem de Nossa
Senhora das Dores, da Matriz Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis, na Região do Entorno do
Distrito Federal, são reversíveis. O instituto recomenda uma restauração
criteriosa para recuperar as características originais da imagem.

Ao DE, a Diocese de Anápolis, responsável pelas
igrejas de Pirenópolis, informou que tomou ciência do laudo na manhã desta
sexta-feira (11) e está analisando para uma possível declaração posterior.

Após denúncia de fiéis, o Iphan realizou no último dia 8 de abril uma visita
técnica à Matriz Nossa Senhora do Rosário, com o objetivo de verificar o estado
de conservação das imagens presentes na igreja.

O detalhe que mais chamou atenção e causou revolta foi o rosto da Santa. Antes
conhecida pela expressão carregada de tristeza e com detalhes de lágrimas em tom
avermelhado que escorrem pelo seu rosto, a imagem agora tem a pele num tom mais
claro e com as expressões suavizadas lembrando uma “harmonização facial”.

De acordo com a avaliação, realizada com exames a partir de referências
fotográficas anteriores à última intervenção, o Iphan identificou,
principalmente, a deterioração significativa de partes da estrutura e a
alteração das cores da imagem, que foi integralmente recoberta pela repintura
feita com materiais e técnicas distintas da original.

O instituto avaliou que a imagem de Nossa Senhora das Dores apresenta um estado
de conservação precário. O Iphan recomenda a elaboração de um projeto de
restauro conforme o manual para elaboração de projetos de intervenções em Bens
Culturais Móveis e Integrados à Arquitetura, disponibilizado pelo instituto.

Além disso, o projeto precisa contemplar uma etapa preliminar realizada em
conjunto com o instituto, que compreende a documentação científica por imagem, a
coleta de micro amostras para análises laboratoriais e testes de compatibilidade
de materiais.

O Iphan avaliou ainda outras duas imagens. No Senhor Morto, também foi
identificada uma nova camada de pintura que recobre toda a imagem, além de
alguns pontos com a presença de massa. Destaque para as regiões que representam
sangue, que tiveram a coloração ampliada nesta intervenção, segundo o instituto.

Na imagem da Nossa Senhora do Rosário, foi identificado um acúmulo de sujidade
na pintura, além de sinais de ressecamento, craquelamento e alguns pontos de
desprendimento da tinta. O instituto também observou a incidência direta de
iluminação artificial de alta intensidade, muito próxima à superfície da imagem,
configurando um fator de risco à conservação dos materiais sensíveis à luz.

O estado em que são apresentadas as duas imagens comprometem a leitura das
obras, as quais, como apontado no laudo, apresentam estado de conservação
precário. O Iphan também recomenda uma restauração criteriosa para estes casos.

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