Irmã de menino morto por pedra de caminhão: rua sem segurança

Irmã de menino morto por pedra que rolou de caminhão: “Sem acreditar”

Rua onde Guilherme Pires, 9, morreu é único local de lazer das crianças do
local. Após tragédia, moradores questionam falta de segurança

A rua onde Guilherme Pires dos Santos, 9 anos, e Davi Avelino, 2, estavam no
momento em que foram vítimas de um acidente envolvendo um caminhão caçamba na
DF-150 nesta terça-feira (26/11) era a única opção de lazer na região próxima ao
Fercal, onde os meninos moravam. A criança mais velha foi atingida por um
pedregulho e morreu na hora. A mais nova, que era empurrada pelo primo em  um
carrinho de bebê, foi socorrida, mas passa bem.

Além da falta de espaços seguros para que as crianças possam se divertir, a
família de Guilherme também reclama da falta de segurança no local que fica
próximo a Fercal, às margens do km 12 da rodovia DF-150. Para a irmã de
Guilherme, Iasmin Pires, 18, o trajeto – acidentado e próximo a uma curva na
rodovia – deveria ter mais sinalização e mais consciência dos caminhoneiros que
por lá trafegam.

> “Isso é inadmissível. Uma criança passando na rua e morrer assim, depois do
> caminhão capotar e pegar na criança lá embaixo. Isso é um absurdo. Ele não
> estava na BR, ele estava na rua aqui em abaixo. Ele não estava na beira da
> pista”, diz Iasmin indignada.

“A moça que cuida dele é nossa tia, e a madrinha dele mora no fim da rua. E hoje
ele estava voltando da casa dela para ir para a escola”, acrescenta. Os primos
estavam saindo da casa da tia por volta das 10h, quando o menino Guilherme pediu
para descer a rua – que fica adjacente à rodovia – para ir até a casa da
madrinha.

Quando os menores voltaram, acompanhados do avô de Davi, Raimundo Nonato, 55, o
caminhão tombou durante uma curva. De acordo com Corpo de Bombeiros Militares do
Distrito Federal (CBMDF), quando o veículo tombou, as peças transportadas caíram
e atingiram Guilherme, que veio a óbito na hora.

Segundo a esposa de Raimundo, Rose Avelino, 48, no momento do acidente, a
criança teria empurrado o carrinho para salvar o primo mais novo. Davi foi
transportado ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e passa bem.

Iasmin recebeu a notícia da morte de Guilherme por telefone, às 11h. Para a irmã
mais velha, “a ficha ainda não caiu”. “É muito difícil acreditar que ele esteja
morto. Eu o vi hoje de manhã, e ele estava bem. De repente, alguém me liga e
diz: ‘O Guilherme morreu’”, detalhou a jovem.

Confira o relato de Iasmin, irmã de Guilherme:

“TRAGÉDIA MUITO MAIOR”

Segundo Eva Pereira de Jesus, 50, parente dos meninos, é comum que as crianças
do local brinquem ou joguem bola na rua adjacente à rodovia nos períodos antes e
depois do horário das aulas escolares. “Aqui não tem uma quadra ou parque para
as crianças jogarem bola. Quando é fim de tarde, elas sempre brincam aqui”, disse.

“Se esse acidente tivesse acontecido 17h30, seria uma tragédia maior”, completou
Eva.

Os bombeiros foram acionados para atender à ocorrência por volta das 10h30.
Quando chegaram ao endereço informado, próximo à Fercal, encontraram o caminhão
tombado às margens da rodovia. O veículo estava carregado com pedras de grande
porte e, quando tombou, as peças transportadas caíram e atingiram Guilherme,
além de carros estacionados na rua.

O condutor do caminhão ficou preso às ferragens após o ocorrido e foi socorrido
pelo CBMDF. Ao ser levado para o Hospital Regional de Sobradinho (HRS), o
condutor estava consciente e orientado, mas com uma fratura no braço esquerdo.

As causas do acidente serão investigadas pela 35ª Delegacia de Polícia
(Sobradinho II).

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Bolsonaro: tentativa de golpe fracassa, presidente cogita fugir do país

Bolsonaro abriu a cova onde mais dia, menos dia será enterrado

Quem o criou que enxugue suas lágrimas

Embora tenha ouvido duas vezes a recusa dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica em apoiar o golpe de Estado para impedir a posse de Lula, o presidente Jair Bolsonaro decidiu novamente fazê-los mudar de ideia. Era sua última esperança.

Foi em 14 de dezembro de 2022, véspera do golpe que fracassou. Desta vez, Bolsonaro delegou a tarefa ao general Paulo Sérgio, ministro da Defesa. Sérgio recebeu o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior no Palácio da Alvorada.

Mostrou-lhes uma nova versão da minuta do golpe, enxugada pelo próprio Bolsonaro, preocupado em dar ares de legalidade ao crime que estava prestes a ser cometido. O ministro ouviu o terceiro não dos dois. E foi por isso que Bolsonaro cancelou o golpe.

Naquela noite, o prédio no final da Asa Sul, em Brasília, onde mora Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, estava cercado pelos militares designados para prendê-lo e depois assassiná-lo, mas ele não estava lá. E Lula viajara a São Paulo.

Não há golpe dentro das quatro linhas da Constituição. Mas para Bolsonaro, golpe dentro das quatro linhas significava golpe com o apoio das Forças Armadas. Como elas racharam no apoio à trama, ele preferiu não se arriscar a ser preso e não assinou a minuta.

Nem por isso, desistiu completamente do golpe. Conversou muito a respeito com seus auxiliares mais próximos e recebeu alertas de pessoas não tão próximas dele para que arquivasse a ideia. Uma dessas pessoas foi o ministro Dias Toffoli, colega de Moraes.

Bolsonaro e Toffoli davam-se bem. Antes de assumir a presidência do tribunal, Toffoli visitou em São Paulo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. À época, Bolsonaro ainda não se elegera presidente da República, mas sua vitória era dada como certa.

Toffoli perguntou a Fernando Henrique como deveria comportar-se caso Bolsonaro de fato se elegesse. Os dois então travaram o seguinte diálogo:

– Você sabe o que é clinche? – perguntou Fernando Henrique

(No boxe, é um lance em que o lutador abraça seu adversário para impedi-lo de desferir golpes.)

– É claro que sei. Já assisti muitas lutas. Eu gosto de boxe – respondeu Toffoli.

– Você vai ter que viver em clinche com Bolsonaro – arrematou Fernando Henrique.

A pedido de Toffoli, o ministro Fábio Faria, das Comunicações, casado com uma das filhas de Silvio Santos, marcou um jantar em sua casa, no Lago Sul de Brasília, no dia 14 de dezembro, onde Bolsonaro era um dos convidados. Os demais convidados:

– Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo;
– o ministro titular da Casa Civil, Ciro Nogueira;
– o procurador-geral da República, Augusto Aras;
– o chefe da Advocacia-Geral da União, Bruno Bianco;
– o almirante Flávio Rocha, da Secretaria de Assuntos Estratégicos;
– e o ministro do Tribunal de Contas da União Jorge Oliveira.

No dia 13, Bolsonaro cancelou o jantar. No dia seguinte haveria o golpe, ainda mantido em segredo. Com os mesmos convidados, o jantar aconteceu no dia 19. E todos ali aconselharam Bolsonaro a reconhecer a eleição de Lula, que já fora proclamada pela justiça.

Por mais de uma vez, Bolsonaro garantiu aos seus interlocutores que não se envolveria em nenhuma aventura ou ato terrorista, segundo contou mais tarde um dos convidados. Após o jantar, Toffoli chamou Bolsonaro para uma conversa a sós.

Bolsonaro ficou em silêncio quando Toffoli lhe perguntou a certa altura da conversa:

– Presidente, o senhor acredita mesmo que se houver um ato de força, os generais deixarão um ex-capitão assumir o poder? A história de 1964 prova que não.

Bolsonaro disse que jamais passaria a faixa presidencial para Lula, e admitiu que temia ser preso, e seus filhos alvos de perseguição. Toffoli sugeriu que ele viajasse para o exterior ainda na condição de presidente. Foi o que Bolsonaro acabou fazendo no dia 30.

Nos Estados Unidos, com certificado falso de vacinação contra a Covid-19 que não precisou apresentar para entrar no país, Bolsonaro acompanhou a tentativa de golpe do 8/1. Ele e os golpistas de dezembro torceram para que fosse bem-sucedida.

Foi mais uma Operação Tabajara.

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