Israel x Hamas: Ataque a campo de refugiado mata dezenas de pessoas em Jabalia

Autoridades do Ministério do Interior de Gaza relataram, nesta terça-feira, 31, que um ataque aéreo atribuído a Israel atingiu edifícios de apartamentos em uma área residencial do superlotado campo de refugiados de Jabalia, resultando em centenas de mortes e feridos. O diretor do Hospital Indonésio, nas proximidades, afirma que pelo menos 50 pessoas perderam a vida, mas há temores de que o número de vítimas possa aumentar.

As forças israelenses avançaram mais profundamente em Gaza, com testemunhas relatando confrontos intensos após tanques terem alcançado uma área residencial na Cidade de Gaza. Bombardeios foram registrados em todo o território sitiado, enquanto o Primeiro-Ministro Netanyahu rejeitou apelos por um cessar-fogo.

Desde 7 de outubro, pelo menos 8.525 palestinos perderam a vida em ataques israelenses em Gaza. No lado israelense, mais de 1.400 pessoas também perderam a vida.

O Exército de Israel relatou “intensos combates” com o Movimento de Resistência Islâmica, conhecido como Hamás, na Faixa de Gaza, reivindicando a eliminação de dezenas de membros do grupo terrorista. Esses confrontos fazem parte da escalada de violência desencadeada pelos ataques executados pelo Hamás em 7 de outubro.

Horas antes, Jonathan Conricus, um dos porta-vozes do Exército israelense, enfatizou que as forças israelenses estão avançando “de forma lenta e meticulosa” em suas operações terrestres no norte da Faixa de Gaza, empregando uma grande quantidade de força de fogo.

O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que a operação está na ‘terceira fase’, que envolve a expansão das incursões terrestres na Faixa de Gaza. Ele afirmou que a operação é realizada de maneira planejada e poderosa, com progressos contínuos.

Número de mortos

O número de palestinos mortos devido aos bombardeios do Exército de Israel na Faixa de Gaza após os ataques do Hamás em 7 de outubro subiu para mais de 8.500, de acordo com autoridades palestinas no enclave. O Ministério de Saúde de Gaza confirmou que esse trágico balanço inclui a morte de 3.542 crianças.

Nas últimas 24 horas, foram registrados 216 mortos em “18 massacres” cometidos pela “ocupação israelense”, a maioria deles sendo deslocados na parte sul da Faixa de Gaza, que Israel descreve como uma zona segura.

Além disso, pelo menos 67 trabalhadores da agência de refugiados palestinos da ONU (UNRWA) morreram na Faixa de Gaza devido aos ataques das forças israelenses, com outros 22 funcionários feridos. A UNRWA denunciou repetidos ataques a suas instalações desde o início dos bombardeios israelenses.

Ajuda humanitária

Em meio a essa escalada de violência, um comboio de 39 caminhões carregados com medicamentos, alimentos e cobertores cruzou a fronteira do Egito em direção à Faixa de Gaza após uma inspeção israelense. Essa ajuda humanitária é crucial, embora não inclua combustível devido a preocupações com seu uso pelo Hamás.

Essa entrega de suprimentos ocorreu enquanto o Primeiro-Ministro egípcio, Mustafa Madbuli, visitava a área de Rafah, acompanhado de jornalistas locais e estrangeiros, como parte de uma visita à região norte do Sinai. Testemunhas relatam que um total de 60 caminhões se dirigiram ao ponto de controle de Al Awja, entre Israel e Egito, onde as autoridades israelenses costumam inspecionar a ajuda humanitária antes de permitir sua entrada em Gaza.

A ajuda levada ao enclave nos últimos dias é vital para o funcionamento dos hospitais, padarias e estações de tratamento de água, embora a falta de combustível continue sendo uma preocupação crítica.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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