Já considerando derrota, Bolsonaro fala em se “recolher”, durante podcast

As tradicionais ‘brincadeiras’ de duplo sentido e as falas racistas permanecem, mas as falas do presidente Jair Bolsonaro (PL) já ganham ares de consciência de que a derrota nas eleições deste ano é bastante provável. Foi assim que ele se comportou em podcast, na noite desta segunda-feira, 12.

Bolsonaro participou de podcast que foi transmitido simultaneamente nos canais do YouTube de Dunamis, Hub, Felipe Vilela, Positivamente, Luma Elpidio e Luciano Subirá. Todos ligados ao público evangélico. Na ocasião, ele afirmou que se for a “vontade de Deus”, passará a faixa presidencial para quem for eleito e vai se “recolher”.

O desanimo demonstrado por Bolsonaro se deve ao fato de o ex-presidente Liz Inácio Lula da Silva (PT) aparecer à frente em todas as pesquisas de intenções de voto. A situação, inclusive, viria a piorar na própria segunda-feira, quando o Ipec, antigo Ibope, mostrou que o petista ampliou a liderança na corrida pelo Palácio do Planalto.

“Com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra se acabar essa minha passagem pela política em 31 de dezembro”, declarou o presidente Bolsonaro durante o bate-papo.

Fala racista

Além de admitir a derrota nas eleições, Jair Bolsonaro (PL) voltou a usar frase racista, durante o podcast, ao se referir a um dos apresentadores, que é negro. “Você é afrodescendente?”, questionou o presidente. “Eu sou”, respondeu o apresentador Fernando Vilela.

“Tu é meio escurinho. Ah, isso é crime”, retrucou Bolsonaro, em tom de ironia. “Não ouviu falar que eu era racista, não?”, completou. Antes, o chefe do Executivo já tinha se referido ao mesmo apresentador como “gordinho”. O presidente ainda faria ‘uma graça’ com o apresentador Teófilo Hayashi, chamando-o de “japa”.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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