Jairinho é indiciado por torturar filha de ex-namorada

Adriano Marcelo Firmo França, delegado titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), indiciou o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, pelo crime de tortura majorada contra a filha de uma ex-namorada sua. As agressões foram relatadas pela mãe e a avó da criança ao delegado Henrique Damasceno, durante o inquérito que apura a morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, do qual são testemunhas. A criança também confirmou as violências. Foi realizado um pedido de prisão preventiva do parlamentar. A pena por esse crime pode chegar a oito anos

A criança é filha de uma cabeleireira que conheceu Jairinho em 2010. Eles chegaram a noivar e o relacionamento durou até 2014. A menina, hoje com 13 anos, relatou ter tido a cabeça batida, pelo então padrasto, contra a parede do box de um banheiro e até ter sido pisada por ele nos fundos de uma piscina para que não pudesse levantar e respirar.

A avó da criança relatou aos investigadores que ao questionar o vereador sobre um machucado na testa da menina, ele disse que o ferimento foi devido a uma batida no console do carro depois uma freada brusca durante a ida a um shopping.

A avó da criança disse que em outro momento, a menina chegou com o braço imobilizado e Jairinho disse que ela teria se lesionado durante as aulas de judô. O professor de judô negou ter recordações desse momento, em depoimento. A menina teria ainda lhe agarrado e, chorando e vomitando, pedindo para que não a deixasse sair sozinha com Jairinho. Após oito mesmo, ao assistir a um programa de televisão que aborda casos de violência doméstica, a menina admitiu as agressões que sofrera.

“Ele agia de forma clandestina e sem testemunhas. Essa criança confirmou as agressões do indiciado. Além das provas e dos depoimentos, outras provas testemunhais, todas as versões do Jairinho, feito no dia da prisão, foram derrubadas. Em determinado momento ele diz que não estava com a criança, mas as provas demonstram o contrários”, disse o delegado Adriano França

Outra investigação

O filho da estudante Débora Melo Saraiva também prestou depoimento à Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV). A estudante ficou com Jairinho em 2014 com quem manteve relacionamento por seis anos, entre idas e vindas, já que na época o parlamentar também era casado com a dentista Ana Carolina Ferreira Netto, mãe de dois dos seus três filhos. O menino, que tem oito anos, contou que o vereador colocou um papel e um pano em sua boca, avisando que ele não poderia engoli-los. Ele teria colocado a criança deitada em um sofá de sua casa em Mangaratiba, subido no móvel e pisado em seu corpo.

A estudante contou também que, em uma ocasião, o menino havia torcido o joelho quando estava sozinho com Jairinho. O médico ligou contando que a criança teria torcido o joelho e médicos de uma clínica particular constataram uma fratura no fêmur. A mãe disse ter estranhado o filho não ter chorado em nenhum momento, mesmo com uma lesão grave.

 

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos