Quem é João Chaves Melchior, ex-policial preso em Paulínia em megaoperação
contra esquema bilionário do PCC
Homem foi preso em casa na manhã desta quinta-feira (28); com ele foram
apreendidos documentos, dois carros e uma motocicleta. Fintech de Campinas
também é alvo
João Chaves Melchior foi preso em casa, na manhã desta quinta-feira (28) na
cidade de Paulínia (SP), na megaoperação para desmantelar esquemas de lavagem de dinheiro e fraudes fiscais do PCC ligados ao
setor de combustíveis. O homem é ex-policial civil e atuava no município.
De acordo com a Polícia Federal, com ele foram apreendidos documentos, dois
carros e uma motocicleta. Uma fintech de Campinas (SP), localizada no Jardim
Madalena, também é alvo da ação.
Segundo a Receita Federal, a megaoperação mira 16 alvos em seis cidades das
regiões de Campinas e Piracicaba (SP).Os mandados são
cumpridos nos municípios de Campinas, Cosmópolis (SP), Paulínia (SP),
Piracicaba, Rio das Pedras (SP) e Santa
Bárbara d’oeste (SP). Confira abaixo.
Alvos da megaoperação na região
Cidade Pessoa Jurídica Pessoa Física Campinas 4 3 Cosmópolis – 1 Paulínia 2 2
Piracicaba – 2 Rio das Pedras – 1 Santa Bárbara d’Oeste 1 –
Fonte: Receita Federal mira ao menos 16 pessoas e empresas
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A megaoperação acontece em São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. As autoridades fazendárias
estimam que o esquema criminoso sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos
federais, estaduais e municipais.
Segundo as investigações, mais de 350 alvos são suspeitos da prática de crimes
contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais,
lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato em todo o país.
De acordo com a Polícia Federal, com o ex-policial foram apreendidos
documentos, dois carros e uma motocicleta.
FUNCIONAMENTO DO ESQUEMA
De acordo com a força-tarefa, um dos principais eixos da fraude investigada passa pela importação irregular de metanol. O produto, que chega ao país pelo
Porto de Paranaguá (PR), não é entregue aos destinatários indicados nas notas
fiscais.
Em vez disso, é desviado e transportado clandestinamente, com documentação fraudulenta e em desacordo com normas de segurança, colocando em risco
motoristas, pedestres e o meio ambiente.
O metanol, altamente inflamável e tóxico, é direcionado a postos e
distribuidoras, nos quais é utilizado para adulterar combustíveis, gerando lucros bilionários à organização criminosa. Os investigadores identificaram mais
de 300 postos de combustíveis do país que atuam nessas fraudes.
Segundo eles, consumidores estariam pagando por volumes inferiores ao informado
pelas bombas (fraude quantitativa) ou por combustíveis adulterados fora das
especificações técnicas exigidas pela ANP (fraude qualitativa).
Proprietários de postos de gasolina que venderam seus estabelecimentos comerciais para a rede criminosa também não receberam os valores da transação e foram ameaçados de morte, caso fizessem qualquer tipo de cobrança.
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FINTECHS CRIMINOSAS
As transações financeiras do grupo criminoso transitam por fintechs controladas
pelo crime organizado, cujo portfólio de clientes é formado majoritariamente por
empresas do setor.
De acordo com os responsáveis pela investigação, a escolha por uma instituição
de pagamento – em vez de bancos tradicionais – busca dificultar o rastreamento
dos recursos.
As fintechs operavam com contabilidade paralela, permitindo transferências entre
empresas e pessoas físicas sem que os beneficiários finais fossem identificados.
Além das medidas de natureza criminal, o Comitê Interinstitucional de
Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (CIRA/SP) adotará providências
judiciais para bloquear bens suficientes para recuperar o tributo sonegado, cujo
montante atualizado é estimado em R$ 7.672.938.883,21.