Jornalista é torturada com cassetete e soco-inglês por três dias; “sou uma sobrevivente”

Pânico, sofrimento e coragem resumem os três dias em que a jornalista Luka Dias, de 37 anos, esteve presa no apartamento do namorado, Fred Henrique Lima Moreira, que foi preso temporariamente nesta quarta-feira (4) por tentativa de feminicídio, estupro, cárcere privado e tortura.

Luka foi mantida em cárcere privado pelo namorado entre os dias 26 e 29 de abril, sendo torturada com um cassetete e um soco inglês. O crime aconteceu em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Fred agrediu a mulher por suspeitar de uma suposta traição por parte da vítima, puxando o cabelo da jornalista e a arremessando no chão. Ele também golpeou a vítima na cabeça com um cassetete até que desmaiasse. Na última sexta-feira (29), ela conseguiu deixar o apartamento e procurar a delegacia.

Depois de manter a namorada presa, Fred ainda ameaçou a mulher. Em mensagens enviadas ao celular da jornalista, na última terça-feira (3), ele escreveu: “Um dia tu sai, hospital não é eterno”. A vítima recebeu as mensagens enquanto estava internada por ter sofrido traumatismo craniano, fratura na mandíbula, além de diversos hematomas pelo corpo.

“Tive que reconstruir meu maxilar e ainda estou muito deformada, mas graças a Deus não corro mais risco de vida. Agora, o que eu posso dizer para as mulheres é: tenham coragem. A vida é muito linda e vale muito a pena enfrentar os nossos agressores. Somos muito mais fortes do que pensamos: basta acreditarmos nessa nossa força e no trabalho da polícia, que foi extremamente ágil, eficiente e cuidadosa. Não somos o sexo frágil, somos o sexo forte, somos imbatíveis. Apesar de a minha família ter desmoronado com tudo que aconteceu, sobrevivi a uma agressão física e a um abuso mental. Hoje, tenho a certeza de que sou uma sobrevivente”, disse a jornalista ao O GLOBO.

Agressão

Luka e Fred estavam juntos há oito meses, período em que ele já demonstrara um perfil violento e manipulador. O homem chegou a agredi-la em 31 de dezembro do ano passado e no dia 26 de abril, ocasião em que começou a ofendê-la com acusações de infidelidade e depois passou a golpeá-la com o cassetete nas pernas, nas costas e na cabeça.

Na manhã seguinte, ao acordar, a vítima tentou gritar por socorro e acabou por receber um golpe de mata-leão por pelo menos três vezes. O agressor já uma ficha criminal extensa por violência doméstica, tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo, ameaça e resistência. Ele foi encaminhado ao sistema penitenciário da cidade carioca.

Homem ameaça jornalista depois de deixar ela presa por três dias. (Foto: Reprodução)

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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