Jornalista tem o papel de combater fake news 

Segundo a jornalista Cileide Alves, especialista em Política, as fake news contam com a internet como motor para difusão delas

Os casos de fake news após a morte de Mariele Franco, foram intensos nas últimas semanas. Na última sexta-feira (23), a juíza Márcia Hollanda, da 47ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que 12 a 16 vídeos fossem retirados do ar, pois feriam a honra e imagem da vereadora.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou a maioria dos cariocas receberam pelo menos uma matéria falsa sobre o caso. A mais citada pelos entrevistados, com 60%, foi a de que Mariele teria sido casada com um traficante. Embora tenham sido divulgadas, muitas pessoas conseguiram identificar que se tratavam de notícias falsas.

Em entrevista com  Cileide Alves, jornalista especializada em política, ela concorda que a internet é um ótimo meio de difusão de informações. Porém, em contra-partida, se mal utilizada, serve como instrumento para dar força à esse tipo de informação. “Essas notícias tomaram força, pois estão sendo criadas propositalmente em prol de algum interesse. E contam com a internet como motor para difusão delas”, explica.

Ainda segundo ela, a política é um campo fértil para a criação desse tipo de notícia. “A política sempre foi vulnerável à esse tipo de informação. As fake news tem muito mais condições de se alastrar, pois se faz de tudo para ganhar uma eleição”, afirma.

A Câmara do Deputados já está analisando um projeto de lei que torna crime a veiculação de notícias falsas. O projeto sugere de 2 meses à 8 meses de penalidade, além do pagamento de multa. Quando questionada sobre isso, Cileide acredita que “não basta tratar isso no Brasil. O mundo vai ter que pedir a regularização das redes sociais, da internet, porque extrapolam fronteiras”.

Porém, não se trata de uma censura. Como explica a jornalista, “nós não podemos permitir que o direito à informação seja absoluto e que sobreponha outros direitos fundamentais de honra, da vida de outras pessoas”; Como ocorrido no caso de Mariele.

Esse tipo de notícia alcançou grande proporção. Os grandes veículos estão se movimentando em prol da qualidade do que é publicado. O Google lançou uma iniciativa com investimento de US$ 300 milhões para os próximos 3 anos. O Google News Iniciative (GNI), visa destacar as notícias dos veículos de credibilidade e tenta barrar a dispersão das fake news.

Quanto à importância dos jornalistas nesse necessário, Cileide afirma que agora “mais do que nunca” precisa-se do bom jornalista. Segundo ela, o jornalismo de qualidade é “aquele que checa suas informações, independente da proveniência da mesma”. E aposta ainda, que ao filtrar as informações e checá-las, a mídia sofre uma alfabetização. Conseguindo discernir o que é verdade e o que não é.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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