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Jornalista tem o papel de combater fake news 

Última atualização 30/03/2018 | 00:56

Segundo a jornalista Cileide Alves, especialista em Política, as fake news contam com a internet como motor para difusão delas

Os casos de fake news após a morte de Mariele Franco, foram intensos nas últimas semanas. Na última sexta-feira (23), a juíza Márcia Hollanda, da 47ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que 12 a 16 vídeos fossem retirados do ar, pois feriam a honra e imagem da vereadora.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou a maioria dos cariocas receberam pelo menos uma matéria falsa sobre o caso. A mais citada pelos entrevistados, com 60%, foi a de que Mariele teria sido casada com um traficante. Embora tenham sido divulgadas, muitas pessoas conseguiram identificar que se tratavam de notícias falsas.

Em entrevista com  Cileide Alves, jornalista especializada em política, ela concorda que a internet é um ótimo meio de difusão de informações. Porém, em contra-partida, se mal utilizada, serve como instrumento para dar força à esse tipo de informação. “Essas notícias tomaram força, pois estão sendo criadas propositalmente em prol de algum interesse. E contam com a internet como motor para difusão delas”, explica.

Ainda segundo ela, a política é um campo fértil para a criação desse tipo de notícia. “A política sempre foi vulnerável à esse tipo de informação. As fake news tem muito mais condições de se alastrar, pois se faz de tudo para ganhar uma eleição”, afirma.

A Câmara do Deputados já está analisando um projeto de lei que torna crime a veiculação de notícias falsas. O projeto sugere de 2 meses à 8 meses de penalidade, além do pagamento de multa. Quando questionada sobre isso, Cileide acredita que “não basta tratar isso no Brasil. O mundo vai ter que pedir a regularização das redes sociais, da internet, porque extrapolam fronteiras”.

Porém, não se trata de uma censura. Como explica a jornalista, “nós não podemos permitir que o direito à informação seja absoluto e que sobreponha outros direitos fundamentais de honra, da vida de outras pessoas”; Como ocorrido no caso de Mariele.

Esse tipo de notícia alcançou grande proporção. Os grandes veículos estão se movimentando em prol da qualidade do que é publicado. O Google lançou uma iniciativa com investimento de US$ 300 milhões para os próximos 3 anos. O Google News Iniciative (GNI), visa destacar as notícias dos veículos de credibilidade e tenta barrar a dispersão das fake news.

Quanto à importância dos jornalistas nesse necessário, Cileide afirma que agora “mais do que nunca” precisa-se do bom jornalista. Segundo ela, o jornalismo de qualidade é “aquele que checa suas informações, independente da proveniência da mesma”. E aposta ainda, que ao filtrar as informações e checá-las, a mídia sofre uma alfabetização. Conseguindo discernir o que é verdade e o que não é.