José Mayer é denunciado por assédio sexual

O ator José Mayer, foi denunciado por uma figurinista da Globo por assédio sexual e moral. Susllem Tonani, escreveu um depoimento relatando o caso e pedindo providências contra o assédio.

Segundo Susllem, o ator vinha praticando o assédio há meses e não corroborava com a atitude de José Mayer.

Em fevereiro deste ano, o caso, de acordo com o depoimento, chegou ao extremo, quando José Mayer colocou a mão nas partes íntimas da figurinista. Depois de ser recusado, o ator teria gritado xingando a moça de “vaca”.

POST APAGADO
A denúncia do assédio foi postada na página da web do Jornal Folha de S. Paulo, mas momentos depois foi apagada. Como o jornal é vinculado a rede Globo, a ação provocou um alvoroço nas redes sociais, pois, os internautas questionavam o motivo da página ter apagado a denúncia.

Confira na íntegra o depoimento de Susllem:

“Eu, Susllem Meneguzzi Tonani, fui assediada por José Mayer Drumond. Tenho 28 anos, sou uma mulher branca, bonita, alta. Há cinco anos vim morar no Rio de Janeiro, em busca do meu sonho: ser figurinista.

Qual mulher nunca levou uma cantada? Qual mulher nunca foi oprimida a rotular a violência do assédio como “brincadeira”? A primeira “brincadeira” de José Mayer Drumond comigo foi há 8 mese. Ela era protagonista na primeira novela em que eu trabalhava como figurinista assistente. E ssa história de violência se iniciou com o simples: “como você é bonita”. Trabalhando de segunda à sábado, lidar com José Mayer era rotineiro. E com ele vinham seus “elogios”. Do “como você se veste bem”, logo eu estava ouvindo: “como sua cintura é fina”, “fico olhando sua bundinha e imaginando seu peitinho”, “você nunca vai dar pra mim?”.

Quantas vezes tivemos e teremos que nos sentir despidas pelo olhar de um homem, e ainda assim – ou por isso mesmo – sentir medo de gritar e parecer loucas? Quantas vezes teremos que ouvir, inclusive de outras mulheres: “ai que exagero! Foi só uma piada”. Quantas vezes vamos deixar passar, constrangidas e enojadas, essas ações machistas, elitistas, sexistas e maldosas?

Foram meses envergonhada, sem graça, de sorrisos encabulados. Disse a ele, com palavras exatas e claras, que não queria, que ele não podia me tocar, que se ele me encostasse a mão eu iria ao RH. Foram meses saindo de perto. Uma vez lhe disse: “você é mais velho que o meu pai. Você tem uma filha da minha idade. Você gostaria que alguém tratasse assim sua filha?”

A opressão é aquela que nos engana e naturaliza o absurdo. Transforma tudo em aceitável, e, tolerável, em normal. A vaidade é aquela que faz o outro crer na falta de limite, no estrelato, no poder e na impunidade. Quantas vezes teremos que pedir para não sermos sexualizadas em nosso local de trabalho? Até quando teremos que ir às ruas, ao departamento de RH ou à ouvidoria pedir respeito?

Em fevereiro de 2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar em meu lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até rir de sua “piada”. Eu? Eu me vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível. Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali. Não havia cumplicidade, sororidade.

Mas segui na engrenagem, no mecanismo subserviente.

Nos próximos dias, fui trabalhar rezando para não encontra-lo. Tentando driblar sua presença para poder seguir. O trabalho dos meus sonhos tinha virado um pesadelo. E para me segurar eu imaginava que, depois da mão na buceta, nada de pior poderia acontecer. Aquilo já era de longe a coisa mais distante da sanidade que eu tinha vivido.

Até que nos vimos, ele e eu, num set de filmagem com 30 pessoas. Ele no centro, sob os refletores, no cenário, câmeras apontadas para si, prestes a dizer seu texto de protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou me tocar novamente se eu continuasse a não falar com ele. E eu não silenciei.

“VACA”, ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo?

Chega. Acusei o santo, o milagre e a igreja. Procurei quem me colocou ali. Fui ao RH. Liguei para a ouvidoria. Fui ao departamento que cuida dos atores. Acessei todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual que há meses eu vinha sofrendo.

Contei que tudo escalou e eu não conseguia encontrar mais motivos, forças para estar ali. A empresa reconheceu a gravidade do acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: quais serão as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e como?

Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e árduas antes, sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas às vezes em que, constrangida, lidei com o assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez?

Tenho de repetir o mantra: a culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima. E me sentiria eternamente culpada se não falasse. Precisamos falar. Precisamos mudar a engrenagem.

Não quero mais ser encurralada, não quero mais me sentir inferior, não quero me sentir mais bicho e muito menos uma “vaca”. Não quero ser invisível se não estiver atendendo aos desejos de um homem.

Falo em meu nome e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas. Para que não seja mais fofoca. Que entendam que é abusivo, é antigo, não é brincadeira, é coronelismo, é machismo, é errado. É crime. Entendam que não irei me calar e me afastar por medo. Digo isso a ele e a todos e todas que, como ele, homem ou mulher, pensem diferente. Que entendam que não passarão. E o que o meu assédio não vai ser embrulho de peixe. Vai é embrulhar o estômago de todos vocês por muito, muito tempo.”

 

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Velório aberto ao público de Ney Latorraca no Rio de Janeiro neste sexta-feira 27/12 no Theatro Municipal – saiba mais!

O velório do ator Ney Latorraca, falecido aos 80 anos na última quinta-feira (26/12), será aberto ao público e acontecerá no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (27/12). O evento terá início às 10h30 e encerrará às 13h30, no Foyer do Theatro Municipal, localizado na praça Floriano, na cidade do Rio de Janeiro. Após o velório, o corpo de Ney será cremado em uma cerimônia reservada para a família, às 15h.

Ney Latorraca, conhecido por sua trajetória de sucesso na TV brasileira, estava internado na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea, desde o último dia 20, devido a complicações de um câncer de próstata, que resultou em uma sepse pulmonar e culminou em seu falecimento. O ator marcou presença em grandes produções da Globo, como a novela Da Cor do Pecado, e conquistou o carinho do público ao longo de sua carreira.

Casado há 29 anos com Edi Botelho, Ney Latorraca optava por uma vida discreta, longe dos holofotes e sem presença ativa nas redes sociais. O ator não compartilhava detalhes de sua vida pessoal, mantendo sua intimidade preservada. Sua morte foi lamentada por fãs, amigos e colegas de profissão, que reconheceram não apenas seu talento, mas também sua personalidade cativante.

Diversas figuras públicas se manifestaram nas redes sociais em homenagem a Ney Latorraca, destacando suas contribuições para a arte e para a cultura brasileira. Personalidades como Marco Nanini, Lula e o Ministério da Cultura lamentaram a perda do ator e ressaltaram sua marcante presença nos palcos e telas do país. Além disso, notícias sobre a decisão de Ney em deixar seus quatro apartamentos, no Rio de Janeiro e em São Paulo, para doação também repercutiram na imprensa.

Para se manter informado sobre as últimas notícias e novidades do mundo dos famosos e do entretenimento, acompanhe o perfil Metrópoles Fun no Instagram. Tudo sobre celebridades, cinema, música e muito mais você encontra por lá. A despedida de Ney Latorraca será uma oportunidade para fãs e admiradores prestarem suas últimas homenagens ao talentoso artista e deixarem registrado o carinho e a saudade que ele deixará em seus corações.

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