José Nelto quer intervenção federal na segurança de Goiás

O deputado pediu a assessoria apagasse todas as postagens relacionadas aos candidatos Bolsonaro, Lula e Moro

Requerimento pedindo intervenção federal na segurança pública de Goiás movimentou a primeira sessão ordinária do ano na Assembleia Legislativa de Goiás. O deputado estadual José Nelto (MDB), abriu a discussão em plenário e foi criticado pela base aliada do governo que rejeitou a matéria com 18 votos contra três. Em defesa de sua propositura, o parlamentar afirma que Goiás é mais violento que o Rio de Janeiro. “Dados do IPEA e do Ministério da Justiça revelam que em 2017 foram registradas 43,8 mortes para cada 100 mil habitantes em Goiás e 37,8 mortes para 100 mil habitantes no Rio de janeiro. Goiás tem 20% mais mortes do que o Rio de Janeiro”, pontuou.

Apesar de compor a bancada de oposição ao governo, o deputado Major Araújo (PRP), declarou opinião contrária ao requerimento. “Não temos ambiente para intervenção. Nossas polícias, Militar e Civil, trabalham com empenho e vontade. No nosso caso a culpa é toda do governador Marconi Perillo (PSDB). Este sim deveria sofrer uma intervenção. A violência é grande em Goiás porque o Governo não investe e nem se preocupa com essa Pasta”, alfinetou. Da mesma forma, se posicionou Isaura Lemos, sob o argumento de que que a intervenção militar na Segurança Pública carioca não teria sido decretada para combater a violência, e sim para fazer um espetáculo midiático. “Precisamos de políticas públicas sérias e permanentes, com investimento em inteligência para derrubar a rede que comanda o crime organizado”, finalizou.

Gustavo Sebba (PSDB), criticou a postura de ataque do medebista e sugeriu que José Nelto enviasse requerimento ao seu correligionário, presidente Michel Temer (MDB), para tratar a Segurança Pública como um problema nacional, não repassando a responsabilidade da crescente violência aos Estados, que possuiriam menos recursos e possibilidades de combatê-la.

Nelto disse ao Diário do Estado que foi influenciado pela decisão do presidente Michel Temer em decretar intervenção no Rio de Janeiro, mas garante que não há jogo político. “Fui influenciado sim. Se a população do Rio tem direito a segurança, os goianos também têm. Estou abrindo o debate, mas isso não é jogo político é compromisso com a população. Não falei com o presidente, mas se for preciso, eu falo e peço ajuda”. Todos os deputados da base aliada do governo votaram contra o requerimento, e na hora da votação apenas os deputados Lívio Luciano e Wagner Siqueira votaram com José Nelto.

De acordo com José Nelto (MDB), Goiás é o quarto Estado mais violento do Brasil, perdendo apenas para Ceará, Alagoas e Sergipe em casos de homicídios. “Falta efetivo. Precisamos de 25 mil pms nas ruas. Só temos 11 mil. Goiás precisa de 12 mil policiais civis. Só temos 3 mil. Goiás tem 120 cidades sem delegados e 100 cidades sem policiais militares. O governo não dá conta de oferecer segurança, então, que venha o Exército para nos ajudar”.

Apesar da derrota no plenário, José Nelto diz que não vai desistir do debate e vai ouvir a opinião pública. “Vou fazer uma audiência pública semana que vem, e se a população for favorável, vou propor quantos requerimentos forem necessários para garantir mais segurança ao cidadão que tem sua liberdade roubada todos os dias por criminosos e pela falta de pulso do governo”.

Patrícia Santana

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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