O governador em exercício, deputado estadual José Vitti (PSDB) concedeu entrevista ao Diário do Estado no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, nesta terça-feira (12). Vitti falou sobre a emoção de ser governador de Goiás, os desdobramentos da Lava Jato e sobre suas ações como político. Ele ainda comentou sobre a crise financeira e falta de água em algumas cidades.
DE: Qual a sensação de assumir o cargo de governador?
Vitti: “É uma emoção. Com certeza um privilégio para poucos goianos ocupar o cargo de governador, mesmo que interinamente. Para mim é motivo de satisfação muito grande e sobretudo, um reconhecimento do governador Marconi Perillo e do vice, José Eliton, pelo meu trabalho.E também pela condução dos trabalhos na Assembleia Legislativa. Mesmo com a independência dos poderes nós matemos uma relação de alto nível, de confiança e acho que isso nos fez ter a certeza que mesmo eles fora, momentaneamente, deixaria o estado bem conduzido”.
Muitos dizem que empresários e política não se mistura. O senhor provavelmente já deve ter ouvido isso, não?
“Nessa minha curta estadia na política eu também sempre ouvi falar que política não combinava com empresário, que empresário não podia ir para a política porque não conseguiria se dar bem com o povo. Eu sinceramente não preocupo com isso. Todos os meus atos são realizados de maneira muito transparente. Eu procurei pautar uma ação muito próxima ao Ministério Público, respeitando todos os promotores e levando a eles todas as minhas tomadas de decisão”.
Qual sua opinião a respeito da Lava Jato?
“Eu torço para que a Lava Jato funcione. Temos que passar a limpo nossas ações como políticos. Tenho clareza que sairemos um país melhor. Nós precisamos banir da política os que são condenados. Nós vimos condenados no Mensalão sendo condenados agora na Lava Jato. Temos um presidente que sofreu Impeachment e hoje é senador da República e responde a vários processos. Onde estão nossas leis e nossa responsabilidade?”
O senhor diria que as instituições, como um todo, passam por um descrédito por parte da população?
É descrédito para todos os lados. Acredito que todos os brasileiros tem uma certa desconfiança em relação a algumas pessoas da força tarefa, por exemplo. Um procurador que passa a ser advogado de pessoas que vão fazer delações? Tem alguma coisa errada. Traz no mínimo uma suspeição. Acho que todas as instituições e entes devem ter uma preocupação grande em relação a sua conduta. Hoje existe um descrédito nacional até em relação ao STF. Não dá para viver no país em que estamos vivendo”.
A que se deve o crescimento econômico de Goiás nos últimos anos?
Vivemos em um Estado privilegiado, que tem riquezas minerais que poucos estados possuem. Temos um agronegócio pujante. Não temos intempéries da natureza. Agora, tudo isso não adiantaria nada se não tivéssemos governantes que não fizessem que nós avançássemos. Falo isso como cidadão e empresário. O Marconi Perillo teve uma visão que poucos teriam. Foi aí que o estado começou a se industrializar, foi aí que começou a passou a investir em infraestrutura. Hoje somos potência no setor mineral, no agronegócio, no setor farmacêutico, no de automóveis. Precisamos de gestores, governantes que tenham responsabilidade.
Após os investimentos do Goiás na Frente, para onde o governo vai olhar daqui para frente?
Está vindo uma segunda rodada de investimentos onde o governador vai fazer tudo aquilo que ele sempre fez de melhor. Ele vai pegar todos os programas sociais que são referência nacional, vai remodelá-los, e voltar nessa área que é premente de atenção. Infelizmente quando a gente passa por uma crise pela qual nós passamos, muita gente acaba ficando mais pobre. Muita gente estava dando um passo a mais e vem uma crise sem precedentes. Essas pessoas perderam os seus empregos e precisam novamente da mão do governo para as recolocarem no mercado. Provavelmente serão investimentos na área da Renda Cidadã , do Jovem Aprendiz, do Bolsa Universitária.
Qual a sua análise sobre a crise hídrica?
“A mudança climática é uma realidade. Estamos tendo muita dificuldade. E falo isso como agricultor. Eu sabia a época de começar a plantar, de jogar semente. Hoje está tudo alterado. Às vezes chove muito, ou falta chuva. O mundo está mudando. Temos que ter atenção para isso. Tem coisa que não tem como voltar atrás. Você autoriza uma instalação de um pivô ali, autoriza uma empresa a captar água, você libera o produtor para pegar água o ano inteiro. Isso tudo trás reflexos para cidade. Hoje somos uma capital, somando com Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, e região, de quase três milhões de habitantes. Precisamos ter atenção, trabalhar em conjunto para que ações efetivas sejam feitas. Fica aqui um aprendizado para o ano que vem. Acredito que ano que vem, mesmo com seca, não enfrentaremos nenhum problema. Nós estamos nos preparando e tivemos a experiência, mesmo que dura, e tivemos que aprender. Estamos pensando lá na frente”
O senhor se reuniu com o prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) hoje. Como o senhor enxerga a relação entre os políticos?
“Em qualquer atividade, na sua vida pessoal, se você não souber se relacionar, não souber ser conciliador, ter paciência, o casamento vai acabar, a sua relação com seus colaboradores na sua empresa não vai existir e na política ainda mias. Respeitando ideologicamente o que cada um pensa, nós temos que entender, por exemplo no caso de Goiânia, que esse é o prefeito eleito. A maioria o quis lá. Não temos espaço mais para a agressividade, não temos mais momento para enfrentamento, atritos. As pessoas querem resultados. E os resultados só existem se houver convergência, se houver diálogo e se houver entendimento para que essas coisas aconteçam de maneira eficaz para a população”.
*Com Marcos Cipriano