Jovem baleada pela DE tentou proteger irmão deficiente visual, revela depoimento.

Jovem baleada na cabeça diz que quis proteger o irmão, que é deficiente visual, de tiros disparados pela DE

Juliana Rangel levou um tiro na cabeça na véspera do Natal quando seguia de carro com a família para a casa de parentes, em Niterói. Ela deixou o CTI e se recupera na enfermaria do Hospital Adão Pereira Nunes.

Baleada na cabeça pela DE diz que tentou proteger irmão, que é deficiente visual

Juliana Rangel, que foi baleada cabeça pela Polícia Rodoviária Federal (DE) na véspera do Natal, disse que quis proteger o irmão, que é deficiente visual, ao perceber que o carro onde estava era alvo de tiros dos agentes. A família seguia para a casa de parentes em Niterói, onde todos se reuniriam na ceia.

>Aconteceu muito rápido. Eu tomei o tiro tentando salvar o meu irmão. Eu mandei o meu irmão abaixar, porque ele é deficiente visual. E eu, vendo se ele tava agachado, tomei o tiro”, relembrou.

“Eu lembro que foi policial, olhei pra trás. Eu olhei, porque quando falou que era tiro, eu não acreditei”, contou.

Em depoimento, três policiais admitiram que atiraram contra o veículo. Eles disseram que ouviram disparos e deduziram que os tiros vinham do carro da família dela.

A jovem teve alta do CTI no sábado (25) e se recupera na enfermaria do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Depois de 31 dias, Juliana falou pela primeira vez ao Fantástico, sobre o que aconteceu. Durante a recuperação no CTI, ela ficou entubada e passou por uma traqueostomia — uma abertura na base da garganta para passagem de ar. Por isso, ainda fala com dificuldade.

Ela se recupera aos poucos e diz acreditar em um milagre.

“Quero agradecer a todos que acreditaram em mim, que eu ia voltar. Eu voltei, gente, por um milagre”.

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RELEMBRE O CASO:

Juliana estava indo com a família passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, em Niterói, quando o veículo foi alvo de disparos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O pai dela dirigia o carro. A mãe estava ao lado e, no banco de trás, Juliana, o irmão e a namorada dele. Eles passavam pela Rodovia Washington Luís, na altura de Caxias.

A família conta que o carro estava a 90 km/h na pista do meio, quando uma viatura da Polícia Rodoviária Federal se aproximou.

Ao ver as luzes da polícia, o pai deu passagem e mudou para pista da direita. Mas a viatura o seguiu. Sem entender o que estava acontecendo, ele voltou para a pista central. Nesse momento, os policiais dispararam contra o carro.

Os três agentes envolvidos na ação – Leandro Ramos da Silva, Camila de Cássia Silva Bueno e Fábio Pereira Pontes – foram afastados e tiveram as armas apreendidas.

O QUE DIZ A DE:

Em nota, a Polícia Federal disse que “as investigações seguem em andamento, aguardando a conclusão da perícia técnica criminal do local de crime”.

Também por nota, a defesa dos três policiais rodoviários federais reafirmou o que eles disseram em depoimento: “que durante a abordagem foram ouvidos estampidos e que, naquele momento, os agentes acreditaram que o barulho vinha do carro da família. Isso os levou a efetuar os disparos”.

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