Press "Enter" to skip to content

Jovem celebra convocação após desempenho em Goiás: “responsabilidade”

Última atualização 28/08/2022 | 13:05

O jogador Raynã Oliveira Souza, de 19 anos, disputará o Blind Football World Grand Prix France Sub-23, na França. Será a sua primeira experiência internacional no futebol de cegos. O jovem, que é natural de Ourilândia do Norte (PA), começou a se destacar por suas atuações no estado de Goiás.

Nascido no Pará, forjado em Goiás

A trajetória de Raynã no esporte começou a tomar forma em 2018. Antes disso, na sua cidade natal, ele convivia com poucas pessoas cegas ao seu redor. O jovem sempre gostou de esportes, mas não conhecia a fundo a modalidade de futebol de cegos.

“Eu nunca tive esse interesse porque eu não sabia que existia. Onde eu nasci, não tinha muitas oportunidades para conhecer a modalidade. A gente não assistia, não acompanhava, até porque o futebol de cego não era muito divulgado. Até hoje não é. Não passava nada no rádio, na televisão”, destaca ao Diário do Estado.

Eis que o seu pai foi para Goiânia procurar emprego. Raynã perguntou se conseguiria achar algum lugar no qual ele poderia jogar futebol. Nessa época, inclusive, Raynã achava que todo cego jogava descalço, por conta da sensibilidade.

O pai de Raynã encontrou então a Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás (ADVEG). As coisas foram se desenrolando até que o jovem paraense ganhou a oportunidade de atuar em Goiás. No começo, apresentava muita dificuldade e sequer possuía dinheiro para a chuteira, mas ainda assim conseguiu se destacar.

O caminho rumo ao estrelato

Raynã Oliveira futebol de cegos
Raynã com a camisa da Seleção (Foto: Arquivo pessoal)

Após se destacar, Raynã Oliveira recebeu a sua primeira convocação em julho deste ano, para disputar o Desafio das Américas em São Paulo. Não era uma competição oficial da Seleção Brasileira, por se tratar de um torneio amistoso. Porém, isso não evitou que o jovem sentisse uma emoção muito grande.

Agora, ele alcançou o que descreve como o maior feito de sua carreira: a chance de defender as cores do Brasil em um campeonato oficial. O Blind Football World Grand Prix France Sub-23 será realizado de 27 de agosto a 4 de setembro, em Paris, na França.

“É a primeira vez que vou sair do país. Estou meio apreensivo, com frio na barriga, mas é uma sensação que não consigo descrever em palavras. É um misto de alegria com responsabilidade”, explica Raynã.

O ala ofensivo é o único representante de Goiás na disputa. Contudo, o jovem espera que os seus companheiros possam se juntar a ele no futuro próximo.

Futebol de cegos em Goiás

Para entender um pouco mais sobre a modalidade em Goiás, o DE conversou com João Turíbio, técnico de Raynã Oliveira e diretor de paradesporto da Secretaria Municipal dos Esportes (SMESP). Segundo ele, a categoria de futebol de cegos começou em 1989 no estado de Goiás, por iniciativa de alguns associados da ADVEG.

“Atualmente, temos nove atletas desenvolvendo a modalidade. Com o envelhecimento da equipe da ADVEG, que por anos se manteve a mesma, em 2012 desenvolvi um projeto de formação de atletas jovens, sempre buscando dar oportunidade para novas crianças ou jovens cegos praticarem a modalidade”, afirma.

Apesar da demanda não ter exatamente crescido, João Turíbio ressalta que a política permanente de iniciação, com o apoio da SMESP, faz com que sempre apareçam novas crianças e jovens cegos buscando uma oportunidade na modalidade.

Portanto, Raynã não é o único a ter conseguido um feito importante por Goiás. O atleta Maxwell Carvalho Valente, do Centro de Referência Paralímpico de Goiânia (CRP), foi convocado para a VI Fase de Treinamento da Seleção Principal de Futebol de Cegos, no período de 28 de agosto a 5 de setembro, em São Paulo (SP).

“Tanto o Raynã quanto o Maxwell conseguiram bons resultados em virtude de um conjunto de fatores: treinamento com regularidade, metodologia própria para o ensino aprendizagem da modalidade, oportunidade de praticar a modalidade e apoio das instituições envolvidas – SMESP/ACELGO/CBDV/CPB. Além disso, devemos destacar as características individuais dos mesmos quanto à disciplina, foco e o próprio talento individual”, conclui João Turíbio.