Jovem que chamou vítimas de “vagabundas estupráveis” é detido em São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo prendeu em flagrante Vitor Hugo Souza Rocha, de 21 anos, por suspeita de associação criminosa e armazenar e divulgar pornografia infantil  pelo Discord, na internet. Em depoimento durante audiência, o rapaz disse que cursava faculdade de direito e recebia até R$ 7 mil por mês desenvolvendo games. O interrogatório foi gravado e mostra o jovem em silêncio diante dos questionamentos e chorando, e o momento em que a Justiça determina prisão preventiva ao rapaz.

Os arquivos apreendidos pela investigação continham imagens das vítimas, tanto em fotos quanto em vídeos. Em um desses registros, no Discord, Vitor Hugo aparece dando risada quando mostra a outros rapazes um arquivo com o nome “backup vagabundas estupráveis”.

Na pasta havia imagens de meninas, menores de 18 anos, nuas, sendo muitas delas vítimas do grupo. Elas eram obrigadas a tirar fotos e gravar vídeos sem roupa, além de se mutilarem escrevendo as iniciais dos apelidos dos envolvidos. As investigações apontam ainda que algumas das garotas foram estupradas pelos participantes.

Vitor Hugo não era o único envolvido com os crimes. Outros três jovens, todos adultos, também foram presos temporariamente na semana passada e nesta semana por decisão judicial. O fato é decorrente de uma reportagem do “Fantástico”, na rede Globo, que revelou outro caso de violência, em maio, contra garotas envolvendo o aplicativo Discord.

Eles respondem pelos mesmos crimes de Vitor, com adicional de estupro de vulnerável e ameaça contra menores de idade. As investigações apontam que os quatro agressores se conheciam e integravam o mesmo grupo virtual no aplicativo, onde os crimes eram planejados.

Além de fotos e vídeos íntimos e mutilação, algumas vítimas eram forçadas a ter relações sexuais com os rapazes, atos que eram gravados e compartilhados no Discord. Eles são acusados de estupro por duas adolescentes, uma de 13 e outra de 16 anos, residentes de Santa Catarina e São Paulo, respectivamente. Os crimes teriam acontecido durante um encontro do grupo para conhecer os participantes.

Investigações

A polícia investiga a possibilidade de outros cinco casos de violência sexual e ameaça que tenham sido ocasionados pelo grupo. Desses, três garotas teriam sofrido os crimes em São Paulo, uma no Espírito Santo e outra no Amapá.

Eles são investigados ainda por apologia ao nazismo, racismo e tráfico de drogas, além de ser apurado se algum deles teve participação do assassinato de um morador de rua.

Vitor foi encontrado de cueca no quarto da casa em que mora, em Bauru, foi algemado e levado para a delegacia em São Paulo. Ele se manteve em silêncio e não respondeu às perguntas dos agentes quando questionaram sobre as acusações de armazenar material pornográfico e infantil. Ao Fantástico, o delegado responsável, Fábio Pinheiro, afirmou que os suspeitos são sádicos e misóginos e que eles têm “asco por mulheres”.

Também investigados por associação criminosa, estupro e ameaça, Gabriel Barreto Vilares, conhecido como “Law”, e William Maza dos Santos, o “Joust”, foram presos na última sexta-feira, 23, e Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, o “DPE”, foi detido na última segunda-feira, 26. O Ministério Público investiga ainda o Discord. Um porta-voz do aplicativo disse ao Fantástico que eles não toleram comportamento odioso.

Prisão preventiva

Quando a defesa de Vitor questiona sobre a abordagem, o rapaz aparece chorando. Segundo o advogado, teria sido sem necessidade o jovem ter sido algemado quase sem roupa, já que ele não ofereceu resistência.

As imagens mostram também o defensor solicitando ao magistrado o relaxamento da prisão em flagrante, sendo assim concedida a liberdade provisória, sob o argumento de que o rapaz era réu primário, tem endereço, estuda e trabalha. Entretanto, o juiz decretou prisão preventiva do investigado, sem prazo para sair.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp