Jovem que teve a língua cortada com alicate diz que perdoou agressora

A missionária Lucélia Rodrigues da Silva, 25, comoveu Goiás há 13 anos atrás, quando foi encontrada pela polícia amordaçada e acorrentada na área de serviço do apartamento em que vivia com a ex-empresária Sílvia Calabresi Lima, em um bairro nobre da capital. Na época, Lucélia chegou a ter a língua cortada com alicate durante uma das torturas. Mas hoje, ela diz que superou os traumas e conseguiu perdoar sua agressora.

“Eu perdoei, escolhi perdoar. Perdoar não é esquecer. É lembrar e não sentir mais dor”, disse a jovem. A ex-empresária foi presa em 2008, quando as torturas foram descobertas e Lucélia, que tinha 12 anos, foi resgatada pela polícia. Após as violências, a jovem foi para um abrigo, onde foi adotada por um casal de pastores. Atualmente, ela é casada e tem dois filhos.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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