Juiz solta vereador de Ipojuca suspeito de lavagem de dinheiro; presidente da Câmara segue preso

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Juiz determina soltura de vereador de Ipojuca detido por suspeita de lavagem de dinheiro; presidente da Câmara permanece preso

A decisão judicial também abrange outro parlamentar, no entanto, este ainda permanece detido por conta de um mandado de prisão anterior.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) emitiu um veredito para a liberação dos vereadores de Ipojuca, Flávio do Cartório (PSD) e Professor Eduardo (PSD), que haviam sido presos em flagrante na terça-feira (18) sob a acusação de lavagem de dinheiro, na cidade do Recife. Ambos ocupam os cargos de presidente e primeiro vice-presidente da Câmara Municipal, respectivamente.

Embora a soltura beneficie os dois legisladores, Flávio do Cartório deverá permanecer detido por conta de um mandado de prisão preventiva relacionado à Operação Alvitre, conduzida pela Polícia Civil, que investiga possíveis desvios de emendas parlamentares no valor de até 27 milhões de reais.

O relaxamento da prisão foi estabelecido pelo juiz Hugo Vinicius Castro Jimenez, da Central Especializada das Garantias da Capital. O vice-presidente da Câmara, Professor Eduardo, está sujeito a cumprir medidas cautelares, como restrição de saída do estado por mais de 15 dias sem autorização judicial, além da obrigatoriedade de participar de todos os atos relacionados ao processo e informar mensalmente suas atividades.

A prisão dos dois vereadores ocorreu em um supermercado localizado em Boa Viagem, Região Sul do Recife, onde foram encontrados valores em espécie totalizando R$ 14.267, além de mais R$ 3.121 guardados em envelopes no veículo do presidente da Câmara.

Segundo informações da Polícia Civil, foram descobertas anotações contendo nomes de servidores da Câmara Municipal, com menção a valores que somam R$ 345 mil, suspeitando-se do controle mensal de um possível esquema de “rachadinha” ligado aos desvios milionários investigados pela Operação Alvitre.

O juiz não reconheceu a prisão em flagrante, destacando que a posse de valores em espécie, documentos ou anotações, sem evidências de ocultação ou lavagem de bens ilícitos no momento da abordagem, não justifica a detenção por lavagem de capitais. O G1 buscou contato com a defesa dos vereadores, mas não obteve retorno.

A Operação Alvitre, conduzida pelo Ministério Público de Pernambuco e pela Polícia Civil, teve uma segunda fase desencadeada nesta quarta-feira (19), com direito a três mandados de prisão, 19 mandados de busca e apreensão domiciliar e ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros, sequestro de bens e suspensão de atribuições públicas. Uma das ordens de prisão era para Flávio do Cartório, os outros alvos não tiveram seus nomes divulgados.

O MPPE e a Polícia Civil investigam o uso de empresas para desviar recursos provenientes de emendas parlamentares impositivas. Os valores teriam sido direcionados para associações fictícias em outros municípios, sem capacidade técnica para executar os projetos contratados. Além disso, um empresário foi detido e é acusado de liderar os desvios.

A situação se agravou ainda mais com o assassinato de uma professora horas depois dela depor na delegacia sobre os desvios de emendas parlamentares em Ipojuca. O esquema envolve instituições como o Instituto de Gestão de Políticas Públicas do Nordeste e o Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa, apontados como beneficiários do esquema criminoso.

Gilberto Claudino da Silva Júnior, apontado como coordenador dos desvios, foi preso em novembro de 2025 após um mês foragido. O caso segue em investigação e novos desdobramentos são aguardados.

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