Juíza cita ‘inversão de valores’ e jovens como referência para tornar Oruam réu por tentativa de homicídio

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Juíza cita ‘inversão de valores’ e referência para jovens para tornar Oruam réu por tentativa de homicídio

Em decisão, Tula Melo afirma que ações do rapper “incitam a população à inversão de valores estabelecida contra as operações feitas por agentes de segurança pública”.

A juíza Tula Correa de Mello, da 3ª Vara Criminal, citou uma suposta “inversão de valores” nas atitudes do rapper Mauro Davi Nepomuceno, o Oruam, para aceitar a denúncia contra ele por tentativa de homicídio contra dois policiais civis.

A magistrada lembrou que a ação policial na casa de Oruam, que terminou com a prisão dele dias depois, teve a reação do rapper e seus amigos contra os policiais, atirando pedras contra o delegado Moyses Santana e o oficial de cartório Alexandre Ferraz. O último acabou ferido pelas pedras arremessadas contra o carro de polícia.

Tula citou ainda que uma das pedras lançadas, com 4,85 kg, poderia ter matado um dos policiais.

Na ocasião, os policiais procuravam “Menor Piu”, um menor de idade suspeito de atuar como segurança de Doca, um dos chefes do Comando Vermelho, e atuar como ladrão de carros.

Na decisão, ela também afirmou que o fato de Oruam servir como uma referência para jovens, devido à sua atuação como artista, foi um dos motivos para determinar a prisão:

Segundo ela, outros jovens “podem acreditar que a postura audaciosa de atirar pedras e objetos em policiais é a mais adequada e correta, sem quaisquer consequências”, e que a paz pública precisa de medidas firmes e extremas, como a prisão, “a fim de que seja preservada”.

Oruam já vinha respondendo a outros 7 crimes — pelos quais está preso preventivamente — após a confusão do dia 21, quando ele e amigos impediram o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra um menor procurado por tráfico e roubo. Mas é a 1ª vez que o artista se torna réu pelo episódio — e Tula ainda expediu um novo mandado de prisão preventiva por isso.

Um novo vídeo daquela noite mostra Oruam esmurrando um carro de polícia, antes de os agentes deixarem o local.

Segundo a denúncia, após a apreensão do adolescente, os dois denunciados e outros indivíduos não identificados passaram a lançar pedras contra os policiais de uma altura de 4,5 metros, da varanda da casa de Oruam. Um dos agentes foi atingido nas costas, e outro precisou se abrigar atrás da viatura.

O MPRJ sustenta que os réus agiram com dolo eventual, assumindo o risco de matar os agentes, e destaca que as pedras lançadas pesavam até 4,85 kg, com capacidade de causar ferimentos letais.

Além dos ataques físicos, o cantor fez publicações nas redes sociais incitando a violência contra a polícia e desafiando abertamente a presença de agentes no Complexo da Penha. A Promotoria afirma que os atos configuram motivo torpe, meio cruel e tentativa de homicídio contra agentes em serviço, o que pode enquadrá-los na Lei dos Crimes Hediondos.

Depois da operação e de horas foragido, Oruam se entregou no dia 22. Ele responde por 7 crimes, além da tentativa de homicídio.

Quando a polícia abriu a investigação por tentativa de homicídio, a defesa de Oruam disse ao DE que “Mauro não atentou contra a vida de ninguém, e isto será devidamente esclarecido nos autos do processo que trata dos fatos.”

Posteriormente, a assessoria de imprensa do artista afirmou que “em momento de extremo desespero e legítima defesa”, Oruam “jogou pedras nos mais de 20 carros descaracterizados que estavam em sua porta APÓS ser ameaçado de morte com armas de fogo, socos, chutes, empurrões, ter sua casa revirada e ser altamente agredido quando não oferecia nenhum tipo de resistência, sem qualquer justificativa legal”.

A defesa também ressaltou que ele se entregou às autoridades, e que a ação policial contra Oruam tem sido marcada por violações de direitos.

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