O julgamento da ação conhecida como “ADPF das Favelas” teve início no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, com foco na discussão de regras para operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro. O ministro Edson Fachin, relator do caso, propôs diversas medidas para as operações, algumas delas já em vigor por determinação do próprio STF. Uma das principais recomendações do ministro foi a homologação parcial do plano apresentado pelo governo estadual, visando a redução da letalidade policial.
Entre as determinações propostas por Fachin e votadas para manter estão a restrição do uso de helicópteros apenas em casos de estrita necessidade, a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais e a criação de um programa de assistência à saúde mental para os profissionais de segurança pública. Além disso, o relator sugeriu a criação de indicadores para eventos de uso excessivo da força e mortes de civis durante confrontos armados. O voto de Fachin foi seguido pela suspensão do julgamento pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, para posterior remarcação.
Fachin destacou em seu voto a importância do julgamento como uma oportunidade de aprimoramento da atividade policial e de controle externo, visando a transparência, democracia e prestação de contas. O ministro ressaltou que a implementação das medidas cautelares já teve efeitos positivos, como a redução das mortes decorrentes de intervenção policial e do número de agentes policiais mortos. Ele ainda rebateu a atribuição de problemas da segurança pública no Rio às medidas impostas pela ação.
Durante a sessão, o ministro Alexandre de Moraes defendeu o uso de armamento pesado nas ações policiais, principalmente em operações contra milícias e tráfico de drogas. O governo estadual, representado pelo governador Cláudio Castro, tem criticado a ADPF das Favelas, alegando que impõe limitações à atuação policial e fortalece organizações criminosas. A prefeitura do Rio também manifestou descontentamento com as medidas da ação, apontando um aumento do domínio territorial de criminosos na cidade desde a sua implementação.
Diante das críticas e do debate em curso no STF, o julgamento da “ADPF das Favelas” representa um momento crucial para a segurança pública do Rio de Janeiro. A decisão final dos ministros sobre a homologação do plano e a compatibilização da política de segurança com as regras constitucionais terá impacto direto na atuação policial, no controle externo e na busca por um equilíbrio entre eficácia e respeito aos direitos humanos. É essencial que as partes envolvidas se comprometam com o aprimoramento institucional e a construção de uma atividade policial mais transparente e responsável. O desfecho desse julgamento será aguardado com atenção pela sociedade e pelas autoridades envolvidas.