A Justiça holandesa está julgando as atividades da mineradora Hydro, que podem ter afetado cerca de 11 mil pessoas no estado do Pará. Nesta quarta-feira, dia 12, a Corte de Roterdão está ouvindo as duas partes envolvidas no processo: os moradores afetados e a defesa da Hydro. O resultado final deste julgamento é esperado para o final do ano.

A ação em questão foi movida pela Cainquiama (Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia) e representa as comunidades de Abaetetuba e Barcarena, no Pará, regiões impactadas pelas atividades da empresa desde 2002. A Hydro atua na extração de bauxita na Mineração Paragominas, situada no sudeste do estado, e possui uma refinaria de bauxita em Barcarena. Um mineroduto com 246 km de extensão conecta as duas operações, passando por 7 municípios paraenses.

O interesse da Justiça holandesa no caso se deve ao fato de a empresa possuir atividades subsidiárias no país, o que possibilitou o andamento deste processo em solo estrangeiro. A ação movida por nove indivíduos e pela Cainquiama busca indenização por danos morais e materiais causados às famílias expostas a resíduos tóxicos provenientes do processamento de alumínio realizado pela Hydro na região paraense.

Durante a audiência, os juízes ouvirão os argumentos das duas partes, examinarão as provas apresentadas e considerarão os pareceres de especialistas antes de proferir uma decisão até o final de 2025. Os autores da ação, incluindo a presidente da Associação Cainquiama, ressaltam a necessidade de reparação diante dos impactos ambientais e de saúde causados pelas atividades da Hydro na região, clamando pela intervenção da justiça para trazer alívio e medidas corretivas.

Por sua vez, a Hydro contesta veementemente as alegações feitas contra a empresa, baseando-se em relatórios técnicos que refutam as acusações de danos ao meio ambiente e às comunidades locais. Este embate judicial entre as partes é um reflexo dos episódios conturbados envolvendo a mineradora nos últimos anos, como rompimentos de tanques e vazamentos de substâncias corrosivas, que causaram impactos significativos no ecossistema e na vida das populações afetadas.

Além da possibilidade de indenização financeira, a ação movida contra a Hydro também visa pressionar a empresa a adotar medidas efetivas para cessar suas práticas poluidoras na região e minimizar os danos ambientais acumulados ao longo do tempo. A audiência em Roterdão representa uma etapa crucial nesse processo, que busca justiça e responsabilização pelos danos causados, visando a proteção das comunidades e do meio ambiente no Pará.