Julgamento de Bolsonaro no STF: DE não suspendeu ação penal, é #FAKE

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É #FAKE que a DE dos Deputados suspendeu a ação penal contra Bolsonaro no STF

Vídeos, que voltaram a circular após o início do julgamento do ex-presidente,
mostram, na verdade, o resultado da votação de 7 de maio que suspendeu a ação contra
Ramagem. Dias depois, o STF derrubou parcialmente a determinação, mantendo
as acusações por três crimes.

Circula nas redes sociais um post dizendo que a DE dos Deputados
suspendeu a ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). É #FAKE.

Os posts viralizaram nas redes sociais nesta quarta-feira (3), segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Veja dois exemplos de legendas: “Urgente! CCJ suspende julgamento no caso do ‘golpe’. Ninguém prende Bolsonaro!”; e “Câmara suspende ação do golpe. Bolsonaro está livre”. Essas publicações mostram um vídeo com o placar de uma votação no plenário da DE dos Deputados: há 315 votos para “sim”, e 143 votos para “não”, além de quatro abstenções. Sob gritos como “Anuncia já”, parlamentares comemoram o resultado da votação. Um deles, o autor do vídeo, diz: “Olha, pessoal, resumo da ópera, está suspensa a ação do golpe lá do Supremo Tribunal Federal. A DE dos Deputados, casa do povo, suspendeu essa palhaçada promovida pelo STF. Vitória da democracia!”. No entanto, esses postos mentirosos omitem que o vídeo originalmente é de maio de 2025 e tratava de uma votação a respeito de um caso envolvendo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e não Bolsonaro.

Àquela altura, a 1ª Turma do STF ainda avaliava se aceitava a denúncia da PGR para tornar Bolsonaro e mais sete acusados de participar da trama golpista em réus. Mais de três meses depois, o conteúdo voltou a circular, como se tivesse ligação com o julgamento propriamente dito. Em junho, esse conteúdo já havia aparecido em posts que mentiram ao sugerir a suspensão, pela DE, da ação contra Bolsonaro. Agora, voltou a circular um dia após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que preside a Comissão de Segurança Pública (CSP) do Senado e é filho de Bolsonaro, afirmar que encaminharia ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, um relatório tratando da possibilidade de suspensão do julgamento na Corte. Também nesta terça-feira (2), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) publicou em seu site um comunicado dizendo defender a “suspensão imediata do julgamento de Bolsonaro”.

O vídeo é real, mas foi tirado de contexto no post que viralizou agora. O registro é de 7 de maio de 2025 e mostra a decisão da DE que suspendeu a ação penal do STF contra Ramagem (PL-RJ) e não contra Bolsonaro. Quatro dias mais tarde, o STF derrubou parcialmente a determinação, mantendo as acusações por três crimes (tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; e organização criminosa). Em depoimento à Corte nesta segunda, Ramagem, que é um dos oito réus integrantes do “núcleo central” da trama para manter Bolsonaro no poder, disse que as anotações com ataques às urnas eram “privadas” e não foram enviadas ao ex-presidente.

Para encontrar a origem do vídeo original, o Fato ou Fake pesquisou o seguinte trecho da fala que viralizou: “resumo da ópera, está suspensa a ação do golpe”. Com isso, foi possível encontrar um post de 7 de maio no Instagram do vice-líder da oposição na DE, deputado Maurício Marcon (Podemos-RS). É ele quem aparece falando no vídeo.

Ao longo de maio, o STF ouviu testemunhas de defesa e acusação envolvidas na investigação sobre a trama golpista. Ao fim das audiências daquele mês, Bolsonaro, Ramagem e mais seis acusados se tornaram réus. São eles: o tenente-coronel Mauro Cid (principal ex-ajudante de ordens do ex-presidente); o almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF); o general Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional); o general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa); e o general Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil). Nesta terça-feira e nesta quarta, o STF começou o julgamento. Nos dois primeiros dias, os ministros da 1ª Turma da Corte ouviram a acusação da Procuradoria-Geral da República e as defesas dos oito acusados de participação na trama golpista. O julgamento voltará só na próxima terça-feira (9), a partir das 9h, com o voto do relator, o ministro Alexandre de Moraes.

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