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Juntas, Goiânia e Aparecida registram cinco casos de violência contra criança por dia

Última atualização 31/08/2022 | 16:02

Os crimes contra crianças e adolescentes, principalmente envolvendo abusos sexuais, não param de crescer no no estado e no país. Para se ter ideia, apenas a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Goiânia (DPCA), registra em média, 120 denúncias de violência contra a criança mensalmente. 

No entanto, este mês de agosto foi atípico na delegacia. Até a manhã desta quarta-feira, 31, a especializada contabilizou 239 ocorrências, que variam desde abusos sexuais a maus-tratos. Ou seja, aumento de 99,1%, se comparado à média mensal registrada na unidade.

A situação, porém, não é diferente na vizinha Aparecida de Goiânia, onde, no intervalo entre 1º de janeiro e 27 de junho – foram computados 259 casos de todas as naturezas. Juntas, as cidades registraram cinco crimes contra crianças e adolescentes por dia, em 2022. Isso sem levar os dados do mês de agosto da DCPA de Aparecida de Goiânia, que ainda não foram registrados.

Crimes de ordem sexual

Conforme a titular da DPCA de Aparecida de Goiânia, Thaynara Andrade, entre os crimes mais comuns estão lesão corporal, ameaça e abuso sexual. Os crimes de ordem sexual, inclusive, vão desde a ‘simples’ importunação até os físicos. 

Entre eles, o mais comum é o estupro de vulnerável, quando o autor pratica conjunção carnal ou outros atos libidinosos com menores de 14 anos. A pena para esse crime varia de 8 a 15 anos de prisão, de acordo com a investigadora.

“Geralmente, as pessoas que praticam esse crime são do convívio da vítima, podendo ser pais, padrastos, tios, avós, primos ou amigos da família. Uma forma de evitar esse tipo de abuso, é manter sempre um adulto supervisionando a criança, além de não deixá-la na companhia de pessoas estranhas.”, disse.

Gravidez 

A criança vítima de estupro, entretanto, pode acabar engravidando do agressor. Em Goiás, situações de gravidez em decorrência de estupro são recorrentes. Para se ter uma ideia, apenas o Hospital Estadual da Mulher (Hemu), realizou 48 abortos legais desde o início de 2021, sendo que 40 deles foram resultado de violência sexual. Especificamente em Goiânia, sete cirurgias foram feitas no mesmo período, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“Quando tomamos conhecimento, assim que o crime é praticado, é feito o encaminhamento da vítima ao hospital, para que seja realizado o atendimento visando evitar contágio de doenças venéreas e para evitar uma possível gravidez. Agora, nos casos que ocorrem há mais tempo, pode acontecer da vítima engravidar, como já tivemos aqui na delegacia”, disse.

Impacto psicológico

O abuso sexual, de acordo com a psicóloga Juliana Hanuum, ouvida pelo Diário do Estado sobre assunto, no último mês de junho, pode desencadear uma série de problemas psicológicos na vítima, fazendo com que ela desenvolva transtornos pelo resto da vida, seja ela criança ou adulta.

“Os transtornos mais comuns são a ansiedade e a Síndrome do Pânico. Essas pessoas, normalmente, ficam marcadas pelo resto da vida. Elas têm dificuldade de vivenciar o amor e a confiança. É preciso que essa vítima faça um acompanhamento com um neuropsiquiatra ou outro profissional capacitado para que essa pessoa possa superar o trauma”, concluiu.