Acusada de envenenar ovo de Páscoa que matou dois irmãos vai a júri popular em Imperatriz, no MA
Jordélia Pereira Barbosa é acusada de duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Acusada está presa desde o dia 17 de abril.
Acusada de envenenar ovos de páscoa que mataram duas crianças vai a júri popular no MA
DE Justiça do Maranhão decidiu que Jordélia Pereira Barbosa, de 36 anos, acusada de envenenar ovo de Páscoa que causou a morte de duas crianças e deixou a mãe delas hospitalizada, será julgada pelo Tribunal do Júri, em Imperatriz. A sessão ainda não tem data marcada.
A denúncia foi formulada pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) e aceita pela 3ª Vara Criminal de Imperatriz. A acusação é formulada pela 8ª Promotoria de Justiça de Imperatriz, cujo titular é o promotor de Justiça Tiago Quintanilha Nogueira. As investigações apontam que Jordélia enviou chocolates contaminados com chumbinho para a família de Mírian Lira Rocha.
As vítimas foram os filhos Luiz Fernando Rocha Silva, de 7 anos, e Evillyn Fernanda Rocha Silva, de 13, que não resistiram após consumir os doces. Mírian chegou a ficar dias internada em UTI, mas sobreviveu.
Durante as investigações, a polícia concluiu que o crime foi premeditado. Jordélia teria viajado de Santa Inês a Imperatriz, hospedado-se em hotel com nome falso e contratado um motoboy para fazer a entrega. Os ovos de Páscoa foram acompanhados de um bilhete: “Com amor para Mirian Lira. Feliz Páscoa!!!”.
A Justiça reconheceu as qualificadoras apresentadas pelo MP: motivo torpe (ciúmes e vingança), uso de veneno, dissimulação e crime contra menores de 14 anos. Jordélia está presa na unidade prisional feminina em São Luís desde o dia 17 de abril.
Em julho deste ano, Jordélia teve o pedido da realização de um exame de sanidade mental negado pela Justiça do Maranhão. O pedido havia sido feito pela defesa da acusada e foi negado durante a primeira audiência de instrução do caso.
De acordo com o juiz, não há sinais de que Jordélia Pereira não possa responder pelos próprios atos. Ela é acusada de duplo homicídio e de tentativa de homicídio.
Em depoimento, Jordélia admitiu que comprou o ovo de chocolate e enviou à Miriam Lira, uma das vítimas, mas negou que teria envenenado o doce e atribuiu a culpa a terceiros. A versão foi considerada infundada pela Justiça.
DE tenta localizar a defesa da suspeita.
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Ciúme e vingança motivaram mulher a envenenar ovo de Páscoa que teria causado morte de criança no MA, apontam investigações; entenda. Mãe de criança que morreu ao comer ovo de Páscoa no MA recebeu ligação após ganhar chocolate: ‘Você vai saber quem é’. Suspeita de envenenar ovo de Páscoa no MA viajou mais de 380 km e fez degustação de trufas perto do trabalho de uma das vítimas. Suspeita de envenenar ovo de Páscoa reservou hotel usando crachá com foto de peruca, nome fake e grafia errada de profissão.
RELEMBRE O CASO
A Polícia Civil confirmou que o ovo de Páscoa ingerido por uma mãe e dois filhos em Imperatriz, no Maranhão, continha chumbinho – um pesticida usado clandestinamente no Brasil para matar ratos. O corpo de Luís Fernando foi enterrado no dia 18 de abril. Cinco dias depois, o corpo de Evelyn foi enterrado no cemitério Bom Jesus, em Imperatriz (MA), após falecer por complicações decorrentes de intoxicação. A confirmação do veneno no ovo de Páscoa veio após um laudo do Instituto de Criminalística divulgado em entrevista coletiva. A polícia disse que o veneno estava no ovo, nos corpos das vítimas e no material recolhido com Jordélia quando ela foi presa.
QUEM É A SUSPEITA PRESA
Jordélia é mãe de um casal de filhos, uma criança e um adolescente, que teve com o ex-marido. Em um perfil em uma rede social, ela afirmar ser esteticista e possui um estúdio de estética em casa. A suspeita também frequentava uma igreja evangélica quando estava casada, segundo relatos de alguns fiéis, que disseram que o casal era problemático e vivia brigando, inclusive na porta da instituição religiosa.
DINÂMICA DO CRIME
Jordélia Pereira viajou 384 km, saindo de Santa Inês para Imperatriz. A viagem foi feita em um ônibus interestadual que liga os dois municípios. Ela saiu de Santa Inês por volta de 0h30 do dia 16 de abril e chegou em Imperatriz no mesmo dia, pela manhã. Por volta das 15h, Jordélia foi disfarçada a uma loja de chocolates e comprou um ovo de Páscoa. Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram ela usando óculos e uma peruca preta no estabelecimento. À noite, o ovo foi enviado para a casa das vítimas por motoboy. Por volta de 2h30 da quinta-feira, ela pegou um ônibus intermunicipal para voltar a Santa Inês. Ela foi interceptada e presa assim que desceu do ônibus. A polícia encontrou com Jordélia duas perucas, restos de chocolate em bolsas térmicas e um bilhete de ônibus. As provas foram anexadas ao inquérito. A suspeita se passou por uma mulher trans e fez a reserva em um hotel de Imperatriz. Com o nome falso de Gabrielle Barcelli, ela apresentou crachás falsos e um deles era de uma suposta empresa de gastronomia na qual ela trabalhava. Para não apresentar um documento de identificação, ela alegou à direção do hotel que estava passando por um processo de regularização como mulher trans.