Júri popular no litoral de SP para acusado de matar adolescente confundida com PM durante selfie

Acusado de matar adolescente após confundi-la com PM durante selfie irá a júri popular no litoral de SP

Khaylane da Silva Nascimento, de 15 anos, morreu após ser atingida por um tiro na cabeça em Santos (SP).

1 de 2 Khaylane da Silva (à esq.) foi morta com um tiro na cabeça que teria sido disparado por Jhonatan Bueno (à dir.) — Foto: Redes sociais e DE Santos

Khaylane da Silva (à esq.) foi morta com um tiro na cabeça que teria sido disparado por Jhonatan Bueno (à dir.) — Foto: Redes sociais e DE Santos

Jhonatan Bueno Martins de Camargo, acusado de matar a adolescente Khaylane da Silva, de 15 anos, após confundi-la com um policial em Santos, no litoral de São Paulo, irá a júri popular. A data do julgamento ainda não foi divulgada oficialmente.

Khaylane foi baleada na cabeça, em janeiro de 2020, no bairro Bom Retiro. A Polícia Civil identificou o homem a partir de uma testemunha, que fez o reconhecimento dele após ouvir conversas de um grupo criminoso.

Jhonatan foi localizado e preso preventivamente em abril do ano passado. Em novembro, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou a pronúncia do homem.

Conforme apurado pelo DE, a defesa do acusado solicitou a absolvição sumária ou impronúncia por falta de provas. No entanto, o juiz Felipe Junqueira D’Ávila Ribeiro considerou que houve materialidade e indícios suficientes de autoria do crime, decidindo pela pronúncia de Jhonatan no dia 6 de janeiro.

Segundo o juiz, os indícios são das provas orais de testemunhas colhidas em juízo:

“O conjunto dos depoimentos traz que um grupo de indivíduos teria passado diante do grupo em que as vítimas estavam e disparado contra elas. A testemunha protegida afirmou que o atirador foi o réu Jhonatan. As investigações policiais, reforçadas pelos depoimentos destes, também trouxeram elementos [neste sentido]”, declarou o magistrado.

Ainda de acordo com Ribeiro, o homem deve ser julgado pelo homicídio de Khaylane e a tentativa de homicídio de outra adolescente que foi atingida por um tiro de raspão. Para ele, a qualificadora de motivo torpe deve ser mantida para julgamento pelo Tribunal do Júri.

O juiz esclareceu que o MP-SP atribui a qualificadora ao fato de o acusado ter decidido matar as vítimas supondo que elas eram policiais. “Há elementos nos autos indicando que este teria sido o motivo do crime”, pontuou.

Beco onde Khaylane foi atingida com um tiro na cabeça após ligar o flash do celular para tirar foto de amigos. — Foto: DE Santos

RELEMBRE O CASO

Khaylane morreu após ser atingida por um tiro na cabeça no dia 31 de janeiro de 2020, em Santos. Uma testemunha relatou à polícia que a vítima foi confundida com policiais ao ativar o flash da câmera de um celular em uma área considerada perigosa.

Segundo um parente que preferiu não se identificar, a adolescente estava em um beco próximo da própria casa, conversando com outros adolescentes, no Caminho São José. Um homem teria passado por eles correndo, por volta das 21h30, e efetuou disparos de arma de fogo. Um dos tiros atingiu Khaylane na testa.

Os amigos da adolescente pediram socorro a um vizinho, que estava tirando o carro da garagem no momento do disparo. Ele socorreu a vítima, levando a adolescente e a mãe para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste. Khaylane já estava inconsciente e, da UPA, ela foi encaminhada para a Santa Casa de Santos, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.

Durante as investigações sobre o crime, outra testemunha surgiu. Ela disse que saiu na rua para verificar o que estava acontecendo após ouvir o som dos disparos. Desta forma, encontrou cinco homens fugindo do local do crime, dois deles armados.

Segundo o depoimento, o grupo parou de correr próximo de um mangue e um dos homens perguntou a outro se ele havia “atirado no rosto”. O outro com a arma respondeu, repetidamente, que “tomara que não, tomara que não”.

A testemunha reconheceu Jhonatan como o homem que respondeu. Além disso, uma denúncia anônima enviada à polícia também apontou Jhonatan como responsável pelo homicídio.

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