Juros futuros disparam após indicação de Gleisi e discussão na Casa Branca
Em um movimento amplificado ao longo da tarde após um bate-boca público entre o
presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy,
as taxas dos DIs dispararam nesta sexta-feira (28) devido ao desconforto dos
investidores com a indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações
Institucionais do governo.
Em meio ao conflito entre Trump e Zelenskiy, o dólar, considerado um ativo de
segurança, ganhou força, inclusive em relação ao real, o que ampliou o avanço
das taxas futuras no Brasil.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 –
um dos mais líquidos no curto prazo – estava em 14,96%, ante o ajuste de 14,8%
da sessão anterior. Enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 15,025%, em
alta de 25 pontos-base em relação ao ajuste de 14,74%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,14%, em
alta de 32 pontos-base ante 14,818% do ajuste anterior. Além disso, o contrato para
janeiro de 2033 tinha taxa de 15,12%, ante 14,803%.
O movimento de aumento nas taxas futuras ocorreu durante a primeira metade do dia, dando continuidade ao
movimento mais recente de recomposição de prêmios na curva, com investidores se
posicionando para o período de Carnaval no Brasil.
Contudo, o movimento se intensificou no início da tarde, após o anúncio de que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou Gleisi – uma crítica contumaz do
Banco Central e da austeridade fiscal – para a pasta de Relações Institucionais,
responsável pela articulação com o Congresso.
O ambiente ficou ainda mais conturbado após DE discutirem aos
gritos no Salão Oval da Casa Branca. DE insistiu que Zelenskiy
está perdendo a guerra na Ucrânia e ameaçou retirar o apoio dos DE ao país.
Em reação, as taxas dos DIs também aceleraram: às 15h51 a taxa para
janeiro de 2031 atingiu o pico de 15,20%, em alta de 38 pontos-base. O avanço
das taxas era mais intenso no trecho longo da curva, mais impactado
pela questão fiscal e onde há grande volume de operações de estrangeiros.