Justiça ordena bloqueio de R$ 65 milhões de investigados por esquema de cassino
online ilegal de grupo ligado a Adilsinho
Endereço cadastrado de empresa que administrava casa de apostas era de uma
lanchonete. Quadrilha movimentou mais de R$ 130 milhões entre 2022 e 2025.
Polícia faz operação contra esquema montado por trás de cassino online, de jogos
ilegais
Polícia faz operação contra esquema montado por trás de cassino online, de jogos
ilegais
A Justiça do Rio ordenou o bloqueio de R$ 65 milhões dos investigados pelo
esquema de cassino online ilegal alvo da operação Banca Suja, da Polícia Civil,
nesta quinta-feira (16).
O grupo, que segundo a polícia está ligado ao bicheiro Adilson Oliveira Coutinho
Filho, o Adilsinho, é suspeito de praticar crimes como lavagem de dinheiro,
estelionato e publicidade enganosa.
O endereço cadastrado da empresa One Publicidade e Marketing Digital Ltda,
conhecida como Palpite na Rede, que movimentou R$ 130 milhões nos últimos 3
anos, pertence na verdade a uma lanchonete.
A empresa está em nome de Carolina Helena Miranda Moreira. Já o responsável pelo
registro da empresa é o contador Raphael Silva De Almeida, que a polícia
acredita ser o real administrador.
Na casa dele, a polícia apreendeu dinheiro em espécie, dólares, máquina de
contar dinheiro, celulares, além de dois carros.
Investigações da Polícia Federal apontam que Raphael é associado a uma empresa
ligada ao núcleo de fornecedores de insumos para a fabricação de cigarros
ilegais da máfia de Adilsinho.
‘É um jogo de perde ou perde’, diz delegado sobre cassino online ilegal de
grupo ligado a Adilsinho
Polícia realiza operação contra cassino online ilegal de grupo ligado ao
contraventor Adilsinho
TRANSFERÊNCIAS SUSPEITAS
1 de 3 Apreensões da operação Banca Suja, da Polícia Civil do Rio — Foto:
Reprodução/TV Globo
Apreensões da operação Banca Suja, da Polícia Civil do Rio — Foto: Reprodução/TV
Globo
Segundo a polícia, muitas transferências da Palpite na Rede eram para empresas
de pequeno porte, sem lastro financeiro compatível. Para isso, foi criada uma
estrutura de laranjas e empresas de fachada para lavagem de dinheiro.
Uma das empresas é a Atacadão de Ferro e Aço, que recebeu da Palpite na Rede R$
700 mil só em 2023. A dona da empresa é Larissa Freitas Cazan, investigada como
integrante da máfia do cigarro, comandada por Adilsinho.
Segundo a PF, a empresa dela pode ter sido utilizada para as práticas de lavagem
de dinheiro e sonegação fiscal da quadrilha. Em seis meses, ela movimentou R$ 38
milhões, segundo as investigações.
A empresa dela também transferiu R$ 357 mil para uma empresa, AGR distribuidora
de bebidas. Esta distribuidora pertence a Marcos Vinicius Miranda Moreira, irmão
de Carolina, dona do Palpite na Rede. Em um ano, ele movimentou R$ 36 milhões.
A distribuidora, segundo a PF, realizou transações de R$ 267 mil para a conta de
uma tabacaria em Duque de Caxias, que tem atividades bancárias listadas como
suspeitas de lavagem de dinheiro da máfia do cigarro.
As apurações apontam ainda que a AGR Distribuidora transferiu mais de R$ 500 mil
para a empresa Bettr Filters Filtros para Cigarro Ltda, da qual é sócia a Burj
Administração de Imóveis, Investimentos e Participações Ltda.
A Burj é administrada por Willian Barile Agati,
conhecido como “Concierge do Crime Organizado” e investigado por ligação com o
Primeiro Comando da Capital (PCC).
‘É UM JOGO DE PERDE OU PERDE’
Delegado diz que esquema de apostas ilegais era manipulado e vítimas ‘nunca
tiveram chance de ganhar’
Delegado diz que esquema de apostas ilegais era manipulado e vítimas ‘nunca
tiveram chance de ganhar’
O delegado Vinícius Lima, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à
Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), explica que o sistema de cassino online ilegal
que foi alvo de operação nesta quinta-feira (16)funcionava
sem chance de vitória para os apostadores.
Segundo a investigação que gerou a Operação Banca Suja, os jogos de azar
cometiam fraudes contra os apostadores e já movimentou mais de R$ 130 milhões em
apenas três anos. O delegado aponta que as apostas eram manipuladas.
“Aquele responsável pela plataforma manipula o jogo e a pessoa de boa-fé bota o
seu dinheiro. Na verdade, aquele jogo que seria com uma chance pequena de
ganhar, na verdade, é só perder. É um jogo de perde ou perde. A pessoa perde
todo o seu dinheiro na esperança de que conseguiria ganhar alguma coisa naquele
cassino online”, explica o delegado Vinícius Lima.
Os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão no Recreio Dos
Bandeirantes, na Zona Sudoeste do Rio, e em Duque de Caxias e Belford Roxo, na
Baixada Fluminense.
Procurado, Adilsinho negou qualquer envolvimento com os fatos noticiados e disse
que “desconhece as razões da vinculação de seu nome aos referidos eventos” e que
vai provar sua inocência “em todos os fatos a ele imputados. LÉO MOURA INVESTIGADO
2 de 3 Léo Moura em propaganda do Palpite na Rede — Foto: Reprodução/TV Globo
Léo Moura em propaganda do Palpite na Rede — Foto: Reprodução/TV Globo
O ex-jogador Léo Moura é um dos investigados nesse caso. Ele
atuava como garoto-propaganda da Palpite na Rede e divulgou, segundo a polícia,
links de cadastro para a plataforma de apostas em suas redes sociais.
Em defesa, ele disse ter sido contratado para um trabalho publicitário e negou
envolvimento com o esquema de apostas.
O grupo criminoso também tinha conexão comercial com Primeiro Comando da Capital
(PCC). Adilsinho não é alvo das buscas, mas a DCOC-LD tenta entender as conexões
dos envolvidos e dos negócios com o contraventor.
De acordo com o inquérito, o site e as redes sociais da Palpite na Rede
promoviam, de forma ostensiva e pública, atividades ilícitas como cassinos
virtuais e outros jogos de azar, práticas consideradas contravenções penais pela
legislação brasileira. A empresa também não consta na lista de operadores
autorizados pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
3 de 3 Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho — Foto: Reprodução/TV Globo
Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho — Foto: Reprodução/TV Globo
Os investigados também são suspeitos de manter ligações com uma fábrica
clandestina de cigarros desmantelada em julho de 2022, em Duque de Caxias, onde
23 trabalhadores paraguaios foram encontrados em situação análoga à escravidão.
Um deles é investigado por ter sido identificado como contador de quatro
empresas alvos do inquérito onde se apura a existência de uma organização
criminosa liderada por Adilsinho, a “Banca da Grande Rio”, que estaria ligada a
diversos crimes, em especial, o comércio ilegal de cigarros.