Justiça condena ex-assessor de Bolsonaro por gesto associado ao supremacismo branco

A Justiça Federal do Distrito Federal condenou Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo crime de racismo. A decisão foi proferida pelo juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12ª Vara Federal de Brasília. Martins foi acusado de fazer um gesto durante uma sessão do Senado, em 2021, que foi associado a símbolos utilizados por supremacistas brancos.

Na época, Martins ocupava o cargo de assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República. O ato foi enquadrado em um crime previsto na Lei do Racismo, que trata de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Pena

O juiz determinou uma pena de 2 anos e 4 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial aberto. A prisão foi substituída pela prestação de 850 horas de serviços comunitários e pelo pagamento de R$ 1 mil mensais, durante 14 meses, a uma instituição social indicada pela Justiça. Martins também deverá pagar uma multa de R$ 8.250 e uma indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil.

Na decisão, o magistrado ressaltou que o gesto, considerado supremacista, carrega uma intenção preconceituosa e de discriminação. “Uma manifestação pública e intencional, com sentido de que pessoas brancas são superiores, revela o preconceito e estimula ideias preconceituosas preexistentes”, afirmou o juiz.

Ele destacou ainda o impacto social do caso, considerando a posição de Martins como funcionário de alto escalão do Estado e o contexto de transmissão pública do ato. “Essa manifestação afeta o autorrespeito das pessoas e viola sua dignidade”, concluiu o magistrado.

Defesa e reação

A defesa de Filipe Martins criticou a decisão, classificando-a como um “ataque frontal” ao Direito Penal. Os advogados argumentaram que o gesto em questão possui múltiplos significados, é culturalmente desprovido de caráter ofensivo no Brasil e foi realizado de forma involuntária.

“Se prevalecer o entendimento adotado, qualquer cidadão poderá ser preso com base em interpretações fantasiosas de suas palavras e gestos”, afirmou a defesa, que confirmou que irá recorrer da decisão.

Histórico do caso

Filipe Martins havia sido absolvido em 2021 pelo juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, que considerou que não havia provas suficientes para o crime, apenas uma interpretação do Ministério Público Federal (MPF). Entretanto, o MPF recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que derrubou a absolvição e determinou a retomada da ação penal.

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Promotoria denuncia policiais militares por chacina e desaparecimento de adolescente em Goiás

O Ministério Público de Goiás denunciou quatro policiais militares acusados de matar dois jovens e dois adolescentes em Goiânia há seis anos. Entre as vítimas está João Vitor Mateus de Oliveira, de 14 anos, cujo corpo nunca foi encontrado. O caso, conhecido como “chacina Solar Bougainville”, ocorreu no bairro de mesmo nome.

Segundo a denúncia, três das vítimas – Marley Ferreira Nunes, de 17 anos, Matheus Henrique de Barros Melo, de 19, e Divino Gustavo de Oliveira, também de 19 – foram mortos dentro da casa da avó de Matheus enquanto jogavam videogame. João Vitor, que também estava na residência, teria sido levado pelos policiais e morto em uma mata localizada a 2,4 km do local.

Os policiais denunciados são Fabrício Francisco da Costa, Thiago Antonio de Almeida, Éder de Sousa Bernardes e Cledson Valadares Silva Barbosa, integrantes do Batalhão de Choque da PM na época.

À época dos fatos, os policiais alegaram que foram até a residência verificar a presença de um carro roubado e que houve troca de tiros, o que, segundo eles, justificou a ação. No entanto, a Promotoria contesta essa versão, afirmando que a perícia não encontrou indícios de confronto.

João Vitor, desaparecido desde o dia do crime, teria sido levado da casa pelos policiais, segundo testemunhas. Durante as investigações, foram encontrados um par de chinelos e parte do celular que ele usava em uma mata no Residencial Forteville, além de projéteis de arma de fogo. A Promotoria suspeita que o adolescente foi morto para que não testemunhasse contra os policiais.

Em nota, a Polícia Militar de Goiás afirmou que o caso está sob análise do Poder Judiciário e destacou seu compromisso com a transparência e a legalidade.

O caso segue sob investigação judicial.

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