Justiça condena Saul Klein por exploração sexual e trabalho escravo

O filho do fundador das Casas Bahia e empresário, Saul Klein, foi condenado pela Justiça do Trabalho a pagar R$30 milhões, depois de acusações feitas de que ele teria sujeitado à condição análoga e explorado sexualmente centenas de mulheres. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira, 14. Em todo país, essa é a maior condenação por tráfico de pessoas.

De acordo com as investigações, o empresário coagia jovens entre 16 e 21 anos, em situações de vulnerabilidade social e econômica, com uma promessa falsa de que elas trabalhariam como modelos. As jovens eram mantidas em cárcere privado em um sítio do próprio empresário em Boituva, São Paulo. As vítimas eram obrigadas a ter relações sexuais com ele.

A sentença a solicitação do Ministério Público do Trabalho (MPT), porém o processo segue em segredo de Justiça.

Ameaças

Depois de serem molestadas, as mulheres mantidas no local sob constantes ameaças e vigilância armada, sem acesso ao celular. A apuração mostra que as jovens foram contaminadas com infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), segundo atestado feito por uma médica ginecologista que atendia as vítimas ao decorrer das festas de Klein no sítio.

O Ministério Público aproximou ao número provável a cerca de 100 mulheres. Depois do depoimento da profissional de saúde que fazia os atendimento das vítimas, a ginecologista informou ter consultado cerca de centenas de mulheres contaminadas com ISTs.

As denúncias apareceram ao MPT a partir de mediação da ONG Justiceiras, e também através de reportagens jornalísticas.

“Algumas vítimas relatam que ficavam mais de 24h trancadas num quarto com o réu, e eram dominadas sexualmente a qualquer hora do dia, mesmo enquanto dormiam, sem qualquer chance de resistência física ou moral”, relata o procurador do Trabalho Gustavo Accioly.

Ele acrescenta que “o que se combate aqui não é prostituição em si, já que, se ela fosse exercida de forma livre, consentida e voluntária, não haveria ofensa à ordem jurídica. Combate-se o ato de se tirar proveito econômico indevido de pessoas forçadas física ou moralmente, mediante abuso, fraude ou engodo, a praticarem atos sexuais sob forte subjugação”.

Influência

Na sentença, a juíza responsável pela condenação de Saul Klein se valia de uma grande estrutura para a prática dos ilícitos, detentor de grande influência e poder econômico, o que leva a crer que pode vir a praticar novamente tais atos”.

O herdeiro do empresário Samuel Klein foi condenado a indenizar, a título de dano moral coletivo, de R$ 30 milhões. A juíza ainda determinou que o Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo investigue se a médica responsável pelos atendimentos no sítio efetuou infração ética.

Em dezembro de 2020, 32 mulheres denunciaram ele ao Ministério Público por estupro e aliciamento. Ao finalizar o inquérito, em abril de 2022, a polícia pediu a prisão preventiva do empresário, mas o pedido foi negado pela Justiça de São Paulo.

O Saul Klein se defendia das acusações das 32 mulheres, afirmando ser um “sugar daddy”, expressão utilizada para homens mais velho que na maioria das vezes são ricos, e têm como fetiches sustentar mulheres jovens em troca de afeto/ sexo.

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Operação desmantela esquema de fraudes de R$ 40 milhões no Banco do Brasil; grupo aliciava funcionários e terceirizados

A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) lançaram uma operação para desarticular um grupo criminoso responsável por fraudes que somaram mais de R$ 40 milhões contra clientes do Banco do Brasil. A ação, realizada na manhã desta quinta-feira, 21, incluiu a execução de 16 mandados de busca e apreensão contra 11 investigados, entre eles funcionários e terceirizados do banco.
 
As investigações, conduzidas pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), revelaram que os criminosos utilizavam dispositivos eletrônicos clandestinos, como modens e roteadores, para acessar sistemas internos de agências bancárias e obter dados sigilosos de clientes. Esses dispositivos permitiam que os criminosos manipulassem informações, realizassem transações bancárias fraudulentas, cadastrassem equipamentos, alterassem dados cadastrais e modificassem dados biométricos.
 
A quadrilha atuava de forma organizada, com divisão de tarefas específicas. Havia aliciadores que recrutavam colaboradores do banco e terceirizados para obter senhas funcionais; aliciados que forneciam suas credenciais mediante pagamento; instaladores que conectavam os dispositivos aos sistemas do banco; operadores financeiros que movimentavam os valores desviados; e líderes que organizavam e coordenavam todas as etapas do esquema.
 
As denúncias começaram a chegar à polícia em dezembro de 2023, e as investigações apontaram que o grupo criminoso atuava em várias agências do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, incluindo unidades no Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca, Vila Isabel, Centro do Rio, Niterói, Tanguá, Nilópolis e Duque de Caxias.
 
O Banco do Brasil informou que as investigações começaram a partir de uma apuração interna que detectou irregularidades, as quais foram comunicadas às autoridades policiais. A instituição está colaborando com a investigação, fornecendo informações e subsídios necessários.
 
A operação contou com a participação de cerca de 25 equipes policiais e tem como objetivo apreender dispositivos eletrônicos ilegais, coletar provas e identificar outros integrantes do esquema criminoso. Além disso, as autoridades estão em busca do núcleo superior do grupo criminoso e dos beneficiários dos recursos desviados.

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