Justiça de SP reabre processo contra Renato Kalil por violência obstétrica a Shantal Verdelho

Justiça de SP reabre processo contra Renato Kalil por violência obstétrica a Shantal Verdelho

Em decisão unânime, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidindo anular o arquivamento do processo contra o médico obstetra Renato Kalil. O profissional foi denunciado por violência psicológica e lesão corporal, alegações referentes ao parto de Shantal em 2021. Nesta quinta-feira, 27, a corte acolheu recurso da defesa da influenciadora digital Shantal Verdelho e pelo Ministério Público estadual.

A decisão dos magistrados Mauricio Valala, Luiz Arruda e Sérgio Ribas reverte a sentença de arquivamento dada pelo juiz Carlos Alberto Corrêa de Almeida, em outubro de 2022. Na ocasião, o juiz não identificou indícios suficientes de que Kalil teria cometido os crimes mencionados na denúncia.

A denúncia contra o obstetra veio à tona quando foram apresentados vídeos e áudios, em que o médico proferia xingamentos à influenciadora durante o trabalho de parto. A defesa de Shantal ressaltou que os registros continham palavras ofensivas e práticas não recomendadas pela OMS, como a Manobra de Kristeller, algo que remonta a 2009.

Shantal Verdelho desabafou: “Só de relembrar o dia do ocorrido eu penso no que minha filha e eu tivemos que passar e me emociono”, comentou a influenciadora. Já o advogado de Renato Kalil, Celso Vilard, esclareceu que a decisão do Tribunal de Justiça autoriza apenas o início do processo, sem que haja um julgamento de mérito. Ele também afirmou que a defesa entrará com recurso no Supremo Tribunal de Justiça.

A assessoria da influenciadora reforçou que há mais de 20 depoimentos de mulheres que denunciam o obstetra por violência sexual e psicológica. Além disso, denúncias similares de violência psicológica e lesão corporal contra Shantal Verdelho foram aceitas pelo Conselho Regional de Medicina, Cremesp.

Em resposta, o órgão instaurou um processo ético disciplinar para investigar a conduta do médico e avaliar o pedido da defesa da influenciadora, que busca a suspensão cautelar do exercício da medicina por Renato Kalil até a conclusão do processo ético-profissional.

“Por**, faz força!”

Conhecido por atender celebridades, o ginecologista e obstetra Renato Kalil apareceu em vídeos e áudios que vieram à tona e causaram choque na internet. Durante o longo processo de parto de Shantal Verdelho, que se estendeu por aproximadamente 48 horas, ele proferiu frases desrespeitosas e palavrões, e ampliaram o debate sobre a violência obstétrica. Kalil nega conduta inadequada e alega que as gravações foram editadas.

O áudio vazado contém relatos do parto, que foram filmados por Mateus Verdelho, marido da influenciadora. Nas gravações, são audíveis palavras ofensivas atribuídas a Kalil, que também critica a forma como Shantal faz força durante o parto. A influenciadora responde afirmando que está fazendo seu melhor. Na época, Shantal expressou seu desejo por um parto humanizado, o que, segundo ela, não aconteceu.

— Quando a gente assistia ao vídeo do parto, ele me xinga o trabalho de parto inteiro. Ele fala ‘Por**, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, porra’… depois que revi tudo, foi horrível — comentou Shantal na época em que as imagens vieram à tona.

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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