A Justiça decretou, na tarde de 21 de outubro, a prisão temporária da coordenadora técnica do laboratório PCS Lab Saleme, em decorrência das investigações sobre a emissão de laudos errados de HIV que resultaram na infecção de seis pacientes que realizaram transplantes no estado do Rio de Janeiro. Esta é a quinta prisão relacionada ao caso, que já havia levado à detenção do médico Walter Ferreira, sócio do laboratório, e dos funcionários Jacqueline Iris Bacellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo Ferreira dos Santos.
A operação, denominada Verum, é conduzida pela Delegacia do Consumidor (Decon) com o apoio do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE). Além da prisão, a polícia cumpriu oito mandados de busca e apreensão para robustecer a investigação em andamento. As investigações apontam que houve uma falha operacional no controle de qualidade aplicado nos testes, com o objetivo de diminuir custos. A análise das amostras, que deveria ser diária, passou a ser semanal.
O laboratório PCS Lab Saleme era responsável pelas testagens de doadores antes que os órgãos fossem destinados a transplantes. No entanto, dois doadores tiveram laudos errados para HIV, sendo considerados negativos quando na verdade eram positivos para o vírus. Este erro resultou na infecção de seis pacientes que receberam órgãos transplantados.
O PCS Lab Saleme foi interditado pela Vigilância Sanitária local até a conclusão das investigações, com foco na segurança dos transplantes. Novos exames pré-transplante estão sendo realizados no Hemorio. A Fundação Saúde, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde, convocou emergencialmente o segundo colocado em pregão para assumir o lugar do laboratório PCS Lab Saleme, e uma nova licitação está sendo preparada.
O laboratório PCS Lab Saleme tem, entre seus sócios, familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), que foi secretário estadual de Saúde de janeiro a setembro de 2023. Em nota, a assessoria do parlamentar afirmou que ele jamais participou da escolha deste ou de qualquer laboratório durante seu mandato.
O caso é considerado grave pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) e pelo Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as Vigilâncias Sanitárias estadual e municipal, e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde coordenam ações para investigar a infecção por HIV de pacientes transplantados no estado do Rio de Janeiro.