Os cinco policiais militares acusados de matar o comerciante Wilker Darckian Camargo, de 31 anos, em Trindade, tiveram a prisão preventiva decretada pela 1ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida, Violência Doméstica, Tribunal do Júri e Execução Penal de Trindade, nesta terça-feira (22). O crime aconteceu no dia 10 de dezembro de 2021, no Setor Residencial Marise.
O segundo tenente Alexsander de Carvalho, o primeiro sargento Wellington Alves de Oliveira, os cabos Elias Cunha Carvalho e José Wilson Louça Rodrigues de Menezes e o soldado José Venício Mendes da Silva foram denunciados pelo Ministério Público (MP) por homicídio, impossibilitando a vítima de se defender.
Além da condenação, o MP requereu que cada acusado também pague uma indenização de R$ 100 mil por danos morais coletivos, e de 150 salários mínimos ao pai e a mãe do comerciante.
Crime
De acordo com a denúncia, o policial militar de mais alta patente, Alexsander de Carvalho Gonçalves, determinou que os colegas Wellington, Elias, José Venício e José Wilson, todos lotados na 9ª CIPM/CPE, fizessem o acompanhamento na porta da casa da vítima por supostamente ter recebido uma denúncia de que o comerciante estaria envolvido com tráfico de drogas.
Conforme o MP, três dias antes do crime, Wilker, que utilizava tornozeleira eletrônica, teve a casa invadida ilegalmente, a mando de Alexsander. Já no dia do crime, Alexsander e outro policial que estavam à paisana na viatura, seguiram para as proximidades de um estabelecimento comercial e ficaram aguardando a chegada de Wilker, enquanto os demais militares ficaram de prontidão em outro ponto.
Momentos depois da equipe se posicionar, a vítima chegou ao comercio e teve uma breve conversa com o proprietário. Depois do diálogo, o comerciante entrou em seu veículo e foi para casa, sendo seguido por Alexsander e o companheiro que estavam na viatura descaracterizada.
Perseguição
Ao perceber que estava sendo seguido, Wilker acelerou o veículo para se distanciar, mas acabou tendo os pneus do carro furados ao receber disparos feitos por Alexsander. Depois de ter o veículo atingido, o comerciante perdeu o controle do carro e acabou batendo. Porém, seguiu a fuga à pé em direção a própria casa – que estava a poucos metros do acidente.
Wilker pulou o muro da casa vizinha, mas foi alcançado e abordado por Alexsander e o outro militar. Já rendido, o comerciante foi entregue aos policiais que ocupavam uma viatura caracterizada que tinha acabado de chegar no local quando a vítima foi presa, segundo o MP. Após ser dominado, a vítima foi atingida por um tiro na perna esquerda e tentou fugir, mas foi perseguido e interceptado novamente, sendo arrastado para o interior da casa e executado com mais dois tiros. Ele foi levado ao Hospital de Urgências de Trindade, onde chegou morto.
Para fugir do homicídio, os policiais que estavam fardados foram até o estabelecimento comercial onde Wilker estava antes de ser perseguido, para recolher os aparelhos celulares de testemunhas e apagar possíveis imagens ou vídeos feitos pela população que presenciou o ocorrido. Além disso, policiais disseram no registro que o comerciante estava armado com um revólver calibre 32 e munição. O objeto, inclusive, foi recolhido pelos próprios denunciados antes da chegada da perícia técnica.
A Reportagem do DE entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar (PM), mas não obteve retorno.